Título: HILDEBRANDO É CONDENADO A 25 ANOS DE PRISÃO POR ASSASSINATO DE POLICIAL
Autor: Jailton de Carvalho e Francisco Leali
Fonte: O Globo, 16/03/2005, O País, p. 9

Soma das sentenças contra ex-deputado já chega a 69,5 anos de cadeia

BRASÍLIA. Após sete dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou na madrugada de ontem o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal a 25 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelo assassinato do policial civil Walter José Ayala, testemunha do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana. Por unanimidade, os sete jurados consideraram Hildebrando culpado dos crimes de homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha. Com a sentença proferida pela juíza Maria de Fátima de Paula Pessoa, da 10ª Vara Federal, a soma das penas do ex-deputado e ex-comandante-geral da PM no Acre chega a 69,5 anos de cadeia.

Hildebrando já foi condenado em cinco processos e ainda terá de enfrentar nos próximos meses pelo menos mais quatro julgamentos. Pelos cálculos do promotor Sammy Barbosa Lopes, até o fim dessas investigações, ele será condenado a mais de cem anos de prisão.

Policial testemunharia contra ex-deputado

Eram quase 6h quando a juíza leu a sentença contra o ex-deputado e mais dois réus, acusados de matar Ayala, em 1997. O policial prestaria depoimento numa investigação federal sobre as atividades criminosas do ex-deputado. Apontado como um dos chefes do crime organizado no Acre, Hildebrando e seus cúmplices chegaram a ser acusados pela CPI do Narcotráfico de mandar matar mais de 40 pessoas. Uma das vítimas teve braços e pernas decepados com uma motosserra.

O Tribunal do Júri da Justiça Federal de Brasília também condenou Raimundo Alves de Oliveira, réu confesso do crime. Ele foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão. Reginaldo Rocha de Souza, co-autor do crime, recebeu pena de 22 anos e seis meses. O quarto réu, Alexandre Alves da Silva, o Nim, foi absolvido por falta de provas. Ele também teria colaborado com as investigações do Ministério Público. Nim é irmão do ex-deputado federal José Aleksandro, que assumira a vaga deixada por Hildebrando na Câmara.

Ontem mesmo os advogados apresentaram recurso. Hildebrando voltou para o presídio em Rio Branco. Na fase final do julgamento, o ex-deputado não escondeu a insatisfação com sua defesa. Uma confusão entre os advogados dos quatro réus fez com que o defensor de Hildebrando sequer tivesse tempo de concluir a defesa oral. Contrariado, o ex-deputado protestou:

¿ Não tive defesa ¿ gritou o ex-deputado, levantando as mãos algemadas.