Título: REMÉDIOS COM PREÇO CONTROLADO VÃO SUBIR ENTRE 5,89% E 7,39% EM ABRIL
Autor: Ledice Araujo
Fonte: O Globo, 16/03/2005, Economia, p. 22

Reajuste acompanha a inflação do período acumulada em 12 meses

Os cerca de 13,2 mil medicamentos mantidos sob controle do governo terão os preços reajustados entre 5,89% e 7,39% dia 31 deste mês. Os índices serão divulgados pela Câmara de Regulação de Medicamentos (Cmed) no Diário Oficial até sexta-feira. Para o consumidor, os aumentos só deverão ser aplicados em abril, porque a maioria das farmácias espera receber as revistas da ABCFarma para cobrar os novos preços.

Segundo técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a fixação dos índices levou em conta a inflação acumulada de 7,39%, pelo IPCA, em 12 meses até fevereiro.

Reajuste supera aumento previsto para aposentadorias

Foram considerados também o fator entre os setores (aumentos de preços de embalagem, energia etc.) e o fator intra-setorial (média de altas por classes terapêuticas).

O último aumento dos remédios com preços monitorados ocorreu em março de 2004. O índice médio foi de 5,7% e o máximo, de 6,2%. Cerca de 1.800 apresentações têm preços liberados na indústrias porque têm alta concorrência no mercado.

Os índices poderão não agradar as indústrias, que reclamam de defasagens maiores. Mas, para os aposentados, o reajuste de até 7,39% deverá representar mais uma perda na renda familiar já que as aposentadorias terão reajuste máximo de 5,91%, com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 12 meses. Segundo Claudio Barbosa, comerciário aposentado, sua família só terá uma alternativa para enfrentar esta nova alta dos remédios: cortar outros produtos de casa.

¿ Minha esposa sofre de diabetes e não pode ficar sem tratamento. Temos um gasto mensal de R$200 a R$250. Esta despesa vai subir e nossa aposentadoria ficará mais achatada. Os impostos são cada vez mais altos. Só de IPVA pagarei R$1.300 e, enquanto isso, os hospitais públicos vivem em estado de calamidade ¿ desabafou Barbosa que só compra remédios depois de uma boa pesquisa nas farmácias.

Os consumidores que têm a preocupação de apurar os preços conseguem descontos de até 30%, índice oferecido, por exemplo, nas drogarias Nações. O gerente da filial do Centro Alex de Mello Porto explicou que a rede tem a preocupação de pesquisar os preços nos concorrentes para fazer suas tabelas. Com isto, vem ganhando clientes. Na Descontão, os clientes encontram também preços em oferta. O Plaquinol, por exemplo, fixado por R$66,50, está por R$52,19 na filial do Centro.

Anvisa: índice não é para elevar lucro das indústrias

O presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch, explicou que, ao aplicar os índices, a Cmed observa a fórmula de produtividade. A idéia é de que o aumento não deve ser fixado para elevar o lucro das empresas. As regras são para que os reajustes recomponham apenas os custos das indústrias.

¿ Convivemos com um mercado de concorrência imperfeita, de assimetria. Não é igual ao de eletrodoméstico, no qual o consumidor escolhe marcas, lojas e tipos de produtos. No caso dos remédios, ele só tem a opção dos genéricos.