Título: BASTOS VAI CONTRA BANCADA DA BALA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 19/03/2005, O País, p. 11

Para ministro, mudança no referendo sobre venda de armas induziria voto

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, está disposto a comprar briga com a chamada bancada da arma na Câmara e prometeu ontem mobilizar a base governista a fim de derrubar a manobra para mudar o texto da regulamentação do referendo popular sobre o comércio de armas e munição no país.

Na opinião do ministro, a alteração feita pelo relator Wanderval Santos (PL-SP) na pergunta do referendo induziria o voto contra a proibição do comércio de armas. Bastos já acionou o chefe da Casa Civil, José Dirceu, que pediu ao colega que aguardasse a definição do nome do novo coordenador político do governo para decidir a estratégia de mobilização dos aliados.

Preocupado com o sumiço na Câmara do requerimento que havia apresentado para dar urgência urgentíssima à votação da regulamentação do referendo popular do desarmamento, o deputado Raul Jungman (PPS-PE) procurou ontem o ministro da Justiça. Em conversa por telefone, Bastos garantiu estar empenhado na luta para manter o texto aprovado pelo Senado, em que a pergunta do referendo seria a seguinte: ¿O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?¿.

Sob a alegação de que a questão poderia induzir o voto a favor, Wanderval dos Santos propôs nova redação: ¿Deve ser proibido, em todo o território nacional, o comércio de armas de fogo e de munição a pessoas, para sua legítima defesa e de seu patrimônio, na forma da lei?¿.

O ministro deverá contar com a ajuda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no esforço para garantir logo a regulamentação do referendo. Renan não escondeu contrariedade com a pressão da bancada da bala.