Título: MÃES APARECEM COMO PRINCIPAIS AGRESSORAS
Autor: Gustavo Goulart
Fonte: O Globo, 20/03/2005, Rio, p. 23

Pedaços de madeira e até queimaduras de cigarro contra vítimas

O estudo reintroduziu um importante dado nas análises sobre violências contra crianças e adolescentes: o perfil dos agressores. A mãe é apontada como a principal agressora, com 55,96% das denúncias recebidas. O pai vem em segundo lugar, com 21,66%; a madrasta ou o padrasto em terceiro, com 11,91%; o tio ou a tia em quarto, com 4,69%; e os avós por último, com 5,78%.

Quase 33% dos casos denunciados apontam que as agressores deram socos, tapas e chutes. O uso de pedaços de madeira para agredir vem em segundo lugar, com 21,5% das denúncias, enquanto cordas, arames e cintos vêm em terceiro lugar, com 12,9%. Queimaduras, em sua maioria com pontas de cigarro, em quinto com 4,9%. Mas há outros casos também revoltantes: crianças são obrigadas a ingerir as próprias fezes ou a transitar pela rua com o lençol em que fizeram xixi sobre a cabeça. As maiores vítimas são crianças na faixa etária de 1 a 9 anos, sem condições de se defender.

¿ Uma violência silenciosa! É assim que muitas vezes se caracteriza a violência familiar. As agressões ocorrem dentro de casa, o que dificulta o processo de interrupção do ciclo da violência, na maioria das vezes vivido somente entre a vítima e o agressor ¿ analisa Adriana Nunes, gerente do Grupo de Análises do Disque-Denúncia.

A violência contra idosos vem em segundo lugar na pesquisa do DD. Eles são vítimas principalmente da negligência, por não receber a atenção necessária como ida ao médico ou medicamentos.