Título: Lançamento da candidatura de Lula à reeleição preocupa aliados
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Fonte: O Globo, 22/03/2005, O País, p. 8

Genoino nega, mas até petistas admitem que 2006 está na ordem do dia

BRASÍLIA E RIO. O lançamento da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, em meio aos festejos dos 25 anos de fundação do PT no fim de semana, em Recife, deixou os aliados do governo em estado de alerta. O temor maior é que a iniciativa do chefe da Casa Civil, José Dirceu, reforçada pelo ministro da Saúde, Humberto Costa, acirre mais os ânimos com a oposição e atrapalhe a agenda legislativa do Executivo. O presidente do PT, José Genoino, negou ontem que a festa tenha tido o objetivo de deflagrar a campanha de Lula à reeleição.

¿ Estava lá e não houve lançamento de Lula à reeleição. Os oradores falaram sobre a tarefa do PT em 2006. Em todas as falas ficou claro que nossa tarefa neste momento é uma agenda de prioridades que não é a eleição de 2006 ¿ afirmou Genoino em entrevista ao site do PT.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), mostrou-se contrário à antecipação da disputa de 2006:

¿ Não tem sentido anteciparmos o calendário. Nossa prioridade agora é dar continuidade às reformas e continuar enfrentando os problemas do país, com responsabilidade fiscal.

Ideli não se surpreendeu com gesto de Dirceu

A senadora Ideli Salvatti (SC) não se surpreendeu com o gesto de Dirceu. Ela diz que o ambiente político já está dominado por 2006, sobretudo nos estados:

¿ Tem alguém no país que ache que o Lula não será candidato à reeleição? José Dirceu estava fazendo um pronunciamento para o PT, dentro de um debate sobre nosso projeto político e de poder, que pressupõe a reeleição de Lula.

Para o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), a precipitação do lançamento tanto serve para marcar posição do PT, como poderá atrair para a briga eventuais rivais de Lula:

¿ Quando se faz um lançamento deste há duas possibilidade: marcar lugar ou atrair para a rinha outros candidatos. Dirceu deve ter pensado nisso quando tomou a iniciativa de fazer aquele pronunciamento.

Na avaliação do líder do PFL, senador Agripino Maia (RN), agora está explicado porquê o critério político e não técnico da reforma ministerial:

¿ O presidente está tentando amarrar com esta reforma a aliança partidária para sua campanha à reeleição. Ou seja, a reforma será a avant-première da reeleição ¿ ironizou.

Para o prefeito do Rio, Cesar Maia, Lula não está trabalhando e sim fazendo campanha:

¿ O presidente não faz outra coisa que não campanha. Não trabalha. Vai todos os dias a uma abertura de feira, exposição, a qualquer ato, para fazer um discurso, lançar a metáfora do dia. Trabalhar que é bom, nada. Viaja horas de avião, e quando perguntam o que leu a bordo, diz que viu um DVD de show de música. Faz campanha há muito tempo e critica cinicamente os outros.