Título: GOVERNO FEZ MENOS QUE FH, DIZ STÉDILE
Autor: Ronaldo D'Ercole e Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 21/03/2005, O País, p. 5

Líder do MST critica política agrária e diz que Miguel Rossetto é usado

SÃO PAULO. Uma das estrelas mais aplaudidas no encontro feito pela esquerda petista em São Paulo ontem, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou que o governo Lula tem feito menos pela reforma agrária do que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Stédile também criticou seus pares, alinhados à esquerda do partido, e cobrou mais trabalhos das diferentes correntes para o fortalecimento dos movimentos sociais e menos crises ideológicas.

¿ A reforma agrária anda a passo de tartaruga e está aquém do governo Fernando Henrique ¿ disse Stédile, durante o seminário.

¿Esquerda está parecendo uma assembléia de sapos¿

¿ A esquerda está parecendo uma assembléia de sapos em dia de chuva. Cada um grita: eu, eu, eu... ¿ brincou o coordenador do MST.

Para Stédile, o governo Lula anda lentamente na reforma agrária principalmente por estar refém dos empresários do setor agrícola.

¿ As transnacionais e o império de Bush são hegemônicos no governo Lula. O ministro (da agricultura, Roberto Rodrigues) é até honesto. Porque fez até campanha para o (José) Serra (PSDB) no segundo turno (em 2002). Fomos nós que nos enganamos ¿ discursou no encontro.

Segundo Stédile, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, que pertencente à tendência Democracia Socialista (DS), presente no evento, não tem culpa do fracasso do governo na reforma agrária:

¿ Pobre do Miguel Rosseto, que está sendo usado. E pobres de nós, que não podemos criticá-lo porque ele é da esquerda ¿ defendeu. ¿ Antes de pôr a culpa no Rosseto, queria dizer que o MST não debita o balanço (da reforma agrária) ao Rosseto porque as lutas políticas não dependem da vontade pessoal.

Líder do MST mistura nomes de Malan e Palocci

O líder sem-terra também criticou a política econômica, apontando o governo Lula como o que mais concentrou renda nos últimos anos. Segundo Stédile, o ministro Antonio Palocci apenas continua o que seu antecessor, Pedro Malan, fazia:

¿ Grande ministro Malocci. Não é agressividade (falar Malocci). É que ele é a continuidade do Malan.