Título: Investimentos diretos estrangeiros devem chegar a US$18 bi este ano
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 27/03/2005, Economia, p. 28

País detém, no entanto, fatia de apenas 1% do fluxo comercial mundial

SÃO PAULO. O Brasil deve receber este ano entre US$14 bilhões e US$18 bilhões em novos investimentos diretos estrangeiros (IDE), pelas estimativas de bancos e da Sobeet, entidade que estuda o fluxo de recursos ao redor do mundo. A previsão do Banco Central (BC) é de US$16 bilhões. Em 2004, foram US$18,166 bilhões em investimentos. Mas, ao contrário do que acontece nas principais economias asiáticas, no Brasil a correlação desse fluxo com o aumento das exportações ainda parece limitada.

A própria Sobeet, sigla para Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais, tem uma pesquisa mostrando que países com maior participação nas exportações mundiais em geral também têm maior participação nas remessas de investimentos estrangeiros. Um dos poucos ¿fora da curva¿ é o Brasil, dono de uma fatia de 2% do fluxo de IDE, mas com apenas 1% de participação na corrente comercial.

¿ O país tem potencial para dobrar suas exportações, ao atrair mais recursos voltados para isso ¿ afirma o presidente da entidade, Antônio Corrêa de Lacerda.

Regulação deficiente inibe investimentos

Uma série de razões pode explicar essa desvantagem em relação aos concorrentes. A regulação de atividades em setores de infra-estrutura, importante para escoar a produção até os portos e aeroportos, ficou emperrada e continua incompleta. Além disso, parte da reforma tributária ainda não foi aprovada e não existe prazo para sair do papel.

Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as medidas recentes do governo para desonerar e simplificar a atividade exportadora conseguiram reduzir entre 3% e 5% o custo dos produtos brasileiros exportados. Mas não foi suficiente para zerar a diferença a favor dos similares estrangeiros. O peso do chamado ¿custo Brasil¿ é estimado ainda em 10% sobre o preço final.

Ao assumir o cargo, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, pediu a sua assessoria parlamentar um estudo sobre a viabilidade de reativar as antigas zonas de processamento de exportação (ZPEs), áreas que concentrariam empresas direcionadas à exportação. Criadas em 1988, foram extintas em 2000 sob críticas de que funcionariam longe dos principais centros produtores e só serviriam a interesses políticos. De 17 autorizadas, só quatro chegaram a ter sua infra-estrutura concluída: Imbituba (SC), Rio Grande (RS), Teófilo Otoni (MG) e Araguaína (TO). Dois anos depois de fazer o pedido, Furlan ainda não recebeu uma resposta.

¿ China, Malásia e Coréia, só para citar três países, basearam suas políticas em incentivos para atrair os exportadores. É o que deveríamos fazer ¿ disse o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Cesar Gomes de Almeida.