Título: SEXO SEM PROTEÇÃO IRRITA GAYS E ESTIMULA AÇÕES RADICAIS
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 27/03/2005, O Mundo, p. 36

Grupos homossexuais pensam em invadir bacanais e avisar parceiros de infectados

NOVA YORK. Por motivos muito diferentes, os movimentos gays estão partindo para uma radical campanha contra sexo sem proteção. Alarmados com a descoberta de uma nova linhagem do vírus HIV resistente aos remédios retrovirais e recém-confrontados com a constatação de que os homossexuais voltaram a fazer sexo sem preservativos, os veteranos da guerra contra a Aids estão defendendo táticas de desespero: invadir bacanais e enfrentar os participantes, responsabilizando-os pelo ressurgimento da epidemia.

Outras atividades planejadas são a infiltração em sites gays que promovam encontros movidos a anfetaminas, que costumam turbinar as orgias e estimular a prática sexual sem proteção. Ou ainda trabalhar junto com os agentes de saúde para descobrir e contatar os parceiros dos homossexuais recentemente contaminados pela Aids.

A tese para justificar essas ações radicais é que soropositivos fazerem sexo sem proteção é um crime semelhante a botar um revólver na testa de uma pessoa e puxar o gatilho.

A radicalização está longe de ser consenso nos movimentos homossexuais. A maioria ainda é a favor dos métodos tradicionais, as campanhas de esclarecimento e a distribuição de preservativos. Argumentam que a última coisa a ser estimulada agora é a intervenção de agentes de saúde na vida privada dos gays, quebrando o sigilo das fichas médicas e violando os direitos civis dos soropositivos. Mesmo desanimados, defendem a volta das campanhas de prevenção e a velha palavra de ordem dos anos 1980: ¿Sexo quente é sexo seguro.¿