Título: REFORMAS LIBERAIS EM VITRINES SOCIALISTAS
Autor: Paulo Gudes
Fonte: O Globo, 28/03/2005, Opinião, p. 7

¿Agrande oportunidade para o país consiste em associar à reforma monetária uma igualmente resoluta reforma econômica mais ampla. A economia social de mercado é impensável sem uma paralela estabilidade da moeda. Mas a maior parte da população não acredita que essas reformas possam dar certo.

¿Eu não quero esconder os fundamentos morais de minha luta, pois os mesmos determinam meus atos. Quero remover quaisquer dúvidas a respeito de meu objetivo, que consiste em criar uma estrutura econômica capaz de levar contingentes cada vez maiores da população em direção à prosperidade.

¿Determinado a superar de uma vez por todas a velha e conservadora estrutura social, busco a ampliação do poder de compra das massas. Essa velha ordem é caracterizada, de um lado, por uma fina camada superior capaz de comprar qualquer coisa e, de outro, por uma enorme camada inferior sem nenhum poder de compra.

¿A reestruturação da ordem econômica precisa eliminar essa divisão, que impede o desenvolvimento, suprimindo também os ressentimentos entre pobres e ricos. A socialização a ser buscada, no melhor sentido em que se possa efetivar, é a dos lucros e do progresso.

¿Uma política econômica só pode ser chamada de socialmente benéfica se transmite os frutos do progresso econômico aos trabalhadores por meio de sua maior produtividade. E o pilar central desse sistema é a competição. Guerra ao monopólio, aos cartéis e aos esforços para limitar a competição sob qualquer pretexto. É preciso resistir aos sindicatos, quer de trabalhadores, quer de empresários. Pois ministro da economia não é representante de interesses privados.¿

Esses são trechos do clássico ¿Prosperidade através da competição¿, de Ludwig Erhard, o liberal que estabilizou a moeda e implantou a economia social de mercado na Alemanha a partir de 1948. Erhard dirigiu a reconstrução econômica do pós-guerra por uma década, sempre fustigado pela oposição sistemática do SPD (Partido Social-Democrata alemão).

Como no recente exemplo do Chile, o crescimento econômico auto-sustentado engendrado por reformas liberais na Alemanha foi posteriormente exibido em vitrines da social-democracia. Este livro é indispensável leitura às variantes da social-democracia brasileira, que se revezam como finalistas nas últimas eleições presidenciais. Para que aprendam, com que já fez e faz tempo, um negócio da China.