Título: MP APURA EMPRÉSTIMO FEITO POR EMPRESA DE JUCÁ
Autor:
Fonte: O Globo, 29/03/2005, O País, p. 5

Como garantia, teriam sido oferecidas sete fazendas que só existiam no papel; caso já está com Fonteles

BRASÍLIA. O Ministério Público Federal investiga o empréstimo feito pela Frangonorte, empresa que pertencia ao ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR), com o Banco da Amazônia (Basa). A empresa teria recebido R$18 milhões e oferecido como parte das garantias sete fazendas, no interior do Amazonas, em nome de um sócio de Jucá. As propriedades, porém, só existiriam no papel, segundo reportagem de ontem da "Folha de S.Paulo". O assunto vinha sendo investigado num procedimento administrativo da Procuradoria da República no estado de Roraima.

A procuradoria investigava possíveis irregularidades no empréstimo. No fim de setembro, porém, como Jucá é senador e tem foro privilegiado, o caso foi enviado ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. Segundo a assessoria de Fonteles, o procedimento está sendo analisado por ele e por sua assessoria jurídica. Caso sejam encontradas provas de envolvimento do ministro no caso, o assunto deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal.

Depois de assumir a empresa e as dívidas no Basa, em dezembro de 1995, Jucá, sua mulher, Tereza Jucá (prefeita de Boa Vista), e seu sócio, Getúlio Cruz, receberam mais R$750 mil. Em agosto de 1996, Jucá e Getúlio teriam apresentado as sete fazendas, em nome do empresário cearense Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, como garantia dos empréstimos. As terras foram avaliadas em R$2,69 milhões e 15 dias depois Oliveira se tornaria sócio da Frangonorte.

Se o caso for enviado ao STF, não será o primeiro inquérito a que Jucá deverá responder no Supremo. Ele e o prefeito de Cantá (RR), Paulo de Souza Peixoto, foram indiciados no inquérito 2116-4, aberto em 13 de abril de 2004, para apurar desvio de verbas públicas na prefeitura.