Título: SAINDO DO CHEQUE ESPECIAL: DESEMPENHO FICOU 64,6% ABAIXO DO QUE TINHA SIDO REGISTRADO EM JANEIRO, DIZ BC
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 29/03/2005, Economia, p. 21

Superávit das contas públicas caiu em fevereiro

Distribuição de lucro por estatais e déficit da Previdência contribuíram para resultado menor no mês passado

BRASÍLIA. A economia do governo central, estados, municípios e estatais para pagar juros da dívida pública ¿ o chamado superávit primário ¿ foi de R$4 bilhões em fevereiro. O resultado ficou bem abaixo ¿ 64,6% ¿ do registrado no primeiro mês do ano, que foi de R$11,3 bilhões. Mas, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, ele está dentro do esperado. Lopes explicou que o resultado foi menor devido à distribuição de lucros de R$3 bilhões feita pelas estatais e também ao déficit da Previdência Social.

¿ Os pagamentos feitos pelo INSS têm aumentado muito ¿ disse Altamir Lopes, lembrando que, somente no primeiro bimestre de 2005, foram pagos 1,2 milhão a mais de benefícios.

Prefeituras tiveram o melhor desempenho entre governos

Em fevereiro, os governos central e regionais registraram superávits de R$2,1 bilhões e R$2,4 bilhões, respectivamente. Já as estatais tiveram déficit de R$500 milhões. Lopes destacou que, apesar de o superávit do setor público ter caído em fevereiro, os governos regionais tiveram desempenho positivo.

O superávit de R$950 milhões dos municípios, por exemplo, foi o melhor resultado da história para um mês de fevereiro. Ele também lembrou que as despesas do governo estão dentro da trajetória prevista para o ano.

No acumulado do ano, o superávit primário está em R$15,4 bilhões, ou 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses, o saldo é de R$86,3 bilhões, ou 4,8% do PIB.

¿ Esse resultado vai no rumo da meta do governo para o ano de 2005, que é de 4,25% do PIB ¿ afirmou Lopes.

As despesas com juros da dívida pública somaram R$11,7 bilhões em fevereiro. Com a incorporação desses juros ao resultado primário, o setor público registrou, no segundo mês do ano, um déficit nominal de R$7,7 bilhões.

O déficit nominal acumulado em 2005 situou-se em R$8,6 bilhões, o que corresponde a 2,9% do PIB. Lopes destacou que esse é o menor resultado para meses de fevereiro desde 2001. Em 12 meses, o déficit nominal está em 2,5% do PIB.

Já a dívida líquida do setor público consolidado alcançou R$960,5 bilhões em fevereiro, ou 51,3% do PIB. Esse resultado representa queda em relação aos 51,4% de janeiro. Essa redução ocorreu devido à valorização do real, o que reduziu a parcela da dívida cambial.