Título: TSE COMEÇA A ORGANIZAR REFERENDO SOBRE ARMAS
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 30/03/2005, O País, p. 13

Dona Amélia, mulher do presidente da Câmara, apóia proposta de proibir a venda de armamento no país

BRASÍLIA. Antes mesmo de o Congresso Nacional estabelecer como será o referendo do desarmamento, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, começou a discutir a preparação da consulta popular com a Justiça Eleitoral, que organizará a votação. Em outubro, a população terá de responder se concorda ou não com a proibição da venda de armas de fogo.

Bastos está preocupado com a possibilidade de os parlamentares não estabelecerem as regras do referendo em tempo hábil para fazer a votação e procurou ontem o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Velloso, para discutir o tema.

¿ Estamos antecipando as coisas. É preciso fazer isso para não deixar que um eventual atraso de uma das partes prejudique o referendo ¿ disse o ministro da Justiça.

Mulher de Severino recebe militantes pelo desarmamento

De acordo com os ministros, o encontro foi proveitoso e deverá se repetir na semana que vem. Eles concordaram em defender a obrigatoriedade do voto de todos os eleitores no referendo. E também estão dispostos a convencer os parlamentares a concordarem com a idéia de que a consulta popular será melhor compreendida por todos se constar da urna eletrônica apenas uma pergunta, curta, direta e objetiva.

¿ Prefiro que a população seja indagada apenas se é contra ou a favor do desarmamento. É melhor uma pergunta simples e objetiva para que o eleitor posse responder com legitimidade ¿ disse Velloso.

Ontem, a residência oficial do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), ficou repleta de militantes favoráveis ao desarmamento. A mulher do parlamentar, Amélia Cavalcanti, recebeu um grupo de mulheres que tiveram seus filhos mortos de forma violenta.

¿ O desarmamento da população vai diminuir a criminalidade no país. Dona Amélia é mulher e mãe. Ela vai sentir o nosso sofrimento ¿ disse a carioca Euristéia de Azevedo, cujo filho William de Azevedo, então com 24 anos, foi morto por um policial em 1998.

Amélia Cavalcanti aderiu ao movimento e prometeu fazer o possível para contribuir com a campanha. Ela vestiu uma camiseta pelo desarmamento.

Também estava presente a brasiliense Valéria Velasco, mãe do estudante Marco Antônio Velasco, que morreu espancado por gangues do Distrito Federal em 1993. Apesar de o crime não ter ocorrido com arma de fogo, Valéria acredita que a campanha do desarmamento vai colaborar para a erradicação de outros tipos de violência. Maria Luiza Menezes também foi recebida por Amélia. Ela contou que sua filha de 20 anos voltava da faculdade para casa quando foi seqüestrada e morta. O crime ocorreu em 1998.

¿ Se não existisse arma de fogo, a minha filha ainda estaria viva ¿ disse.