Título: PRESO, ASSASSINO DE TURISTAS CONFESSA CRIMES
Autor: Raimundo Garrone
Fonte: O Globo, 31/03/2005, O País, p. 13
José Vicente Matias diz que matou alemã e espanhola porque estrangeiras debocharam de sua atuação sexual
SÃO LUÍS. Preso na noite de anteontem em Bragança, no Pará, o artesão José Vicente Matias, o Corumbá, confessou ontem ter assassinado duas turistas no Maranhão, a alemã Mary Anne Kern e a espanhola Núria Fernandez. Corumbá alegou que cometeu os crimes porque as estrangeiras debocharam dele e o agrediram depois que tentaram fazer sexo e ele não conseguiu se excitar.
As turistas foram assassinadas a pauladas e encontradas seminuas e em covas rasas nas areias paradisíacas dos Lençóis Maranhenses e na histórica cidade de Alcântara. Corumbá foi transferido ontem para São Luís. Ele admitiu que namorou também uma terceira turista, a russa naturalizada israelense Katria Ratikov, que está desaparecida desde agosto de 2004 e foi vista pela última vez em Pirenópolis.
¿ Nós namoramos. Ela é uma alcoólatra, mas me tratava bem ¿ disse Corumbá.
Quando os policiais perguntaram se matou também a russa, ele simplesmente se calou e olhou para o chão balançando a cabeça negativamente.
Delegado suspeita que Corumbá matou outras
O delegado-geral da polícia do Maranhão, Nordman Ribeiro, acredita que ele tenha matado não somente Katria como outras turistas.
¿ Ele é um matador em série. E vai confessar esses e outros crimes ¿ previu o delegado, que distribuiu a foto de Corumbá para todas as delegacias do país.
¿ Vamos esperar para ver se aparecem outras denúncias.
Corumbá é foragido da polícia de Goiás, onde foi preso em 1998 por atentado violento ao pudor e estupro contra um jovem casal que passava férias na águas termais de Rio Quente, em Goiás.
No caso da alemã, Corumbá disse que eles passaram dois dias usando drogas na Praia de Atins, na casa de uma amiga, e que uma certa madrugada ela o acordou aos gritos, pedindo sexo.
¿ Ela ficou zombando até de manhã. Entramos em uma casa para nos proteger da chuva e ela continuou me zombando, desta vez na frente dos outros. Na volta para Atins, perdi a cabeça e deu no que deu ¿ disse.
Mary Anne foi assassinada a pauladas no dia 10 de março. Corumbá ainda roubou os seus pertences, inclusive um cartão de crédito do Banco do Brasil, que utilizou para realizar saques com ajuda do hippie identificado apenas pelo apelido de Peruano, e pelo desocupado Kelson Nunes, o Carioca, que está preso.
A espanhola Núria Fernandez também foi assassinada a pauladas, em uma praia na cidade de Alcântara. Corumbá disse que os dois tiveram uma noite de prazer frustrada.
¿ Nós passamos o dia na praia, tomamos banho nus e depois fizemos uma fogueira. Ela começou a me acariciar e quando deitei por cima dela, ela me agrediu com uma pedrada na cabeça. Eu a amarrei e no outro dia ela se soltou e saiu correndo aos gritos. Eu a alcancei e a matei.
Criminoso reclama de estrangeiros no país
Magro, alto e cabeludo, Corumbá disse que as turistas sempre se aproximavam dele em busca de drogas. Ele disse que não escolhia as suas vítimas pela nacionalidade, mas reclamou dos estrangeiros que visitam o país.
¿ Eles chegam aqui, nos roubam, nos batem e ficam zombando da gente ¿ não se cansava de repetir.
Ele tem uma cicatriz no olho direito, fruto de uma briga com um casal de turistas em 1999 em Marataíses, no Espírito Santo.
¿ Eles me bateram com um garrafão de vinho de cinco litros e depois roubaram tudo que é meu ¿ disse.