Título: ECONOMISTAS DEFENDEM QUE PAÍS QUITE DÍVIDA COM FMI
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 31/03/2005, Economia, p. 44

Ex-presidentes do BC dizem que governo deve avaliar se vale a pena manter dinheiro em caixa

BRASÍLIA. O Brasil já tem condições de quitar antecipadamente os empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa é a avaliação de analistas do mercado financeiro e de ex-dirigentes do Banco Central (BC). Segundo Carlos Langoni, ex-presidente do BC e chefe do Centro de Economia Mundial da FGV, a decisão mostraria que o Brasil, de fato, não precisa mais do guarda-chuva institucional do Fundo, conforme o governo demonstrou no início dessa semana ao anunciar que não vai renovar o acordo que está vencendo hoje.

O Brasil deve ao FMI em torno de US$25 bilhões e tem até 2007 para quitar o débito. Os empréstimos foram usados pelo governo para recompor as reservas internacionais, que somam hoje US$62 bilhões. Mas os analistas argumentam que, com a melhora da economia brasileira, o ajuste fiscal e o saldo expressivo nas contas externas, não é preciso manter as reservas no atual nível. Além disso, esse recursos têm custo elevado. Se a dívida fosse paga, o país ficaria com reservas da ordem de US$38 bilhões.

¿ É um valor mais do que adequado ¿ disse o ex-diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo.

O ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem, nas comemorações de aniversário de 40 anos do BC, que a equipe econômica precisa avaliar as vantagens em manter o dinheiro do FMI em caixa e fazer as contas. A opinião é endossada pelo ex-presidente do BC Pérsio Arida:

¿ Este é um aspecto que precisa ser analisado.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que não existe decisão sobre o assunto.