Título: Teste de caráter para os candidatos a juiz
Autor: Rodrigo Rangel
Fonte: O Globo, 01/04/2005, O País, p. 9

Vidigal quer mais rigor na admissão

BRASÍLIA. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, defendeu ontem a inclusão de testes psicológicos mais rigorosos nos concursos públicos para contratação de juízes. Durante palestra em Boa Vista (RR), o ministro disse que é preciso utilizar mecanismos para aferir o caráter dos candidatos a magistrados para evitar episódios com o ocorrido recentemente no Ceará, em que um juiz assassinou o vigia de um supermercado.

¿ Vamos ter que discutir essa questão. Acho que seria importante o teste para avaliar o caráter do magistrado pois uma situação dessa reflete de forma negativa em toda a magistratura ¿ disse Vidigal. ¿ De quem detém um poder tão grande para decidir sobre pessoas, o mínimo que se pode esperar é que tenha equilíbrio emocional.

O ministro quer levar a sugestão à Escola Nacional de Magistratura, em fase de implantação no STJ. Criada pela reforma do Judiciário, a escola definirá critérios para os concursos de juízes.

¿ A escola não poderá fechar os olhos nem os ouvidos para essa questão ¿ defende. ¿ Muita gente que calça chuteira e veste camisa de time de futebol convence na foto mas quando entra em campo, não joga. Com a toga é mais perceptível, a sociedade é mais exigente.

Para o presidente do STJ, não basta os pretendentes ao cargo de juiz terem notório saber jurídico e reputação ilibada. É preciso também ter comportamento equilibrado. Vidigal disse que é preciso acabar com a linhagem de juízes arrogantes que se acham acima do bem e do mal, referindo-se a um comportamento que no jargão dos tribunais é conhecido como ¿juizite¿:

¿ Não dá para ter na magistratura pessoas que não conseguem se conter nos seus arreganhos.

Atualmente, os concursos para juízes têm provas objetivas e subjetivas, nas quais se incluem testes psicotécnicos. Mas, para Vidigal, não há rigor suficiente nos testes.