Título: NOVA REGRA PARA ESCOLHA DE DIRETOR AGRADA A ITAMARATY
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 03/04/2005, Economia, p. 38

A partir de amanhã, três nomes serão selecionados por países

BRASÍLIA. Mesmo diante de todas as dificuldades, o Brasil conseguiu obter importante vantagem na última quinta-feira. Ao criar as regras para a primeira parte da consulta a ser feita aos 148 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), a partir de amanhã, a presidente do Conselho-Geral do organismo, a queniana Amina Chawahir Mohamed, determinou que cada associado entregue uma lista de preferências, no plural.

¿ O fato de a palavra preferências vir no plural é fundamental. Esperamos que, nessa primeira rodada de consultas, os países coloquem o nome do embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, sem indicar ordem de precedência na lista ¿ revela o subsecretário para Assuntos Econômicos e de Integração do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney.

Europa dos 25 fecha adesão ao francês Pascal Lamy

Segundo Hugueney, o objetivo da primeira rodada é selecionar só três candidatos até meados de maio. Além de Seixas Corrêa, o uruguaio Pérez del Castillo e Jaya Cuttare (das Ilhas Maurício), está no páreo o francês Pascal Lamy, ex-comissário de Comércio da União Européia (UE). A expectativa é de que a divisão no Cone Sul e no mundo em desenvolvimento seja diluída e o nome do brasileiro prevaleça nas preferências.

Como a escolha do novo diretor-geral da OMC deve ser por consenso, haverá uma segunda rodada, cujas regras ainda são desconhecidas. Devem pesar, na avaliação dos associados, a visão que cada candidato tem da OMC e seu papel no mundo globalizado.

¿ Provavelmente, o conselho-geral terá de formular nova pergunta que facilite novas eliminações ¿ diz Hugueney.

Outra aposta do governo brasileiro é a Cúpula de Chefes de Estado América do Sul-Mundo Árabe, nos dias 10 e 11 de maio. Como o encerramento do processo eleitoral na OMC está previsto para o fim do mês que vem, os contatos com os árabes e os sul-americanos indecisos, com a intervenção direta do presidente Lula, podem ser decisivos.

EUA poderiam decidir em troca de negociação na Alca

Em termos de coesão regional, quem se beneficia é Lamy, que tem o apoio de toda a UE.

¿ Os 25 países da UE estão fechados com Lamy ¿ avisa Jorge Aznar, um dos representantes da UE no Brasil.

Já os Estados Unidos vão revelar o seu candidato apenas na última hora, como de praxe. A decisão estaria vinculada a um processo de barganha. Em troca do apoio a Seixas Corrêa, os EUA poderiam obter vantagens nas negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Em pauta, estariam os investimentos, os serviços, a propriedade intelectual e as compras governamentais. (Eliane Oliveira)