Título: SEIXAS CORRÊA FOI `CABEÇA POLÍTICA¿ DO MINISTÉRIO
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 03/04/2005, Economia, p. 38
Embaixador negociou acordo internacional de controle do tabagismo
BRASÍLIA. Duas vezes secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, costuma-se dizer, era a cabeça política do Itamaraty, quando o chanceler titular era Luiz Felipe Lampreia. Ele acabou com o mito de que secretário-geral só cuida de assuntos administrativos e passou a ajudar a costurar acordos e tratados importantes envolvendo o Palácio do Planalto.
O embaixador se formou em diplomacia pelo Instituto Rio Branco e, em 1967, entrou na carreira como terceiro-secretário. Naquele mesmo ano, obteve uma licenciatura em direito pela Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. No exterior, serviu nas Nações Unidas, na Argentina, nos Estados Unidos, na Unesco, em Paris, no México e na Espanha. Foi promovido a embaixador em 1987 e está na Organização Mundial do Comércio (OMC) desde janeiro de 2002.
Maleável no trato e um dos grandes responsáveis pelo acordo internacional de controle do tabagismo ¿ conseguido, segundo ele, com muita conversa ¿ Seixas Corrêa mantém um constante ar de bonachão. Só não consegue esconder a irritação quando perguntam se é candidato do G-20 à OMC:
¿ O G-20 não é plataforma eleitoral, é um grupo negociador coordenado pelo Brasil, encarregado de buscar mais acesso aos produtos agrícolas exportados pelas nações em desenvolvimento aos países ricos.
Candidatura à OMC surpreendeu Seixas Corrêa
O embaixador costuma ser escalado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para missões diversas em função do trânsito fácil que tem em diversas áreas. Paralelamente, ele tem interesses acadêmicos e artísticos: é apreciador das artes plásticas.
Pessoas próximas ao embaixador contam que ele foi pego desprevenido ao ter sua candidatura lançada pelo governo brasileiro, para evitar que o uruguaio Carlos Pérez del Castillo vença a eleição. Antes de dar a notícia a seu embaixador em Genebra, Amorim chegou a telefonar para alguns colegas, entre os quais Rafael Bielsa, da Argentina, e Yashwant Sinha, da Índia. A idéia era sondá-los sobre a viabilidade da jogada.
O ministro das Relações Exteriores sempre foi contra Castillo na diretoria-geral, por considerar que nunca houve da parte do uruguaio comprometimento com a luta pelo fim das barreiras comerciais, na época em que era presidente do Conselho-Geral da OMC. Dizem que Seixas Corrêa aceitou a missão com uma ressalva: não queria atritos pessoais com Castillo. (Eliane Oliveira)