Título: Nova fase
Autor:
Fonte: O Globo, 04/04/2005, O País, p. 6

Graças à nova Lei de Biossegurança sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a questão do cultivo de alimentos geneticamente modificados no Brasil sai da areia movediça dos critérios político-ideológicos e entra no terreno firme da orientação científica e da legislação ideologicamente neutra.

De imediato, é uma boa nova para o agronegócio, que, por falta de uma política de governo clara e objetiva, vinha operando na região fronteiriça entre o legal e o ilegal. A longo prazo, é um ganho importante para toda a sociedade brasileira, que se beneficiará das conquistas da ciência para atender às suas necessidades básicas de alimentação.

Ficam autorizadas a pesquisa em laboratório, a plantação e a venda em território nacional de produtos transgênicos, sem se conceder licença indiscriminada para ações irresponsáveis numa área ainda incipiente onde se recomenda cautela. A palavra final caberá à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, responsável por autorizar a pesquisa e o plantio. Antes da nova lei, as deliberações da comissão podiam ser derrubadas por ministros, sujeitando questões técnicas a conveniências políticas.

Com a legislação, o Brasil se coloca em posição vantajosa. O cultivo de transgênicos é uma realidade irreversível no mundo inteiro, a despeito dos bolsões de rejeição, muitas vezes criados pelo radicalismo e pelo medo da novidade e não pela prudência.

Nesses alimentos pode estar a desejada saída para o dilema de se atender as necessidades fundamentais sem expor o meio ambiente ao desgaste dos agrotóxicos.