Título: LEILÃO DE ENERGIA FRUSTRA ANALISTAS, QUE JÁ TEMEM ESCASSEZ EM 2009
Autor: Ramona Ordoñez e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 05/04/2005, Economia, p. 20

Segundo analistas, governo terá que melhorar condições para investidores

O leilão de energia já existente, realizado no fim de semana, para oferta em 2009 frustrou o mercado, e, segundo alguns especialistas, pode colocar em risco o fornecimento de energia. A venda de contratos para 2009 foi cancelada devido à falta de ofertas. Ou o governo terá que promover leilões mais atraentes a investidores ou arriscará faltar energia, disseram analistas.

Para o analista Rafael Quintanilha, da corretora Ágora Senior, o cancelamento atrapalha o cronograma de investimentos no setor elétrico para 2009 e aumenta o risco de racionamento.

O leilão, promovido pelo Ministério de Minas e Energia, era para venda da energia existente a ser ofertada em 2008 e 2009. Mas o governo só conseguiu vender energia para 2008, a um preço de R$83,30 o megawatt/hora. O volume negociado equivale a 50% da demanda para 2008 expressa pelas distribuidoras. As necessidades não atendidas deverão ser solucionadas até o fim do ano.

Para 2009, o leilão foi suspenso porque o preço ofertado foi muito baixo, de R$63,13 o megawatt/hora. O mercado previa R$90.

O analista Carlos Martins, do Brascan, disse à Reuters que ¿há um sinal positivo para o futuro leilão de energia nova¿:

¿ Isso significa que o governo terá que fazer um leilão mais atraente para investidores privados, com tarifas que garantam lucratividade.

Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), também teme falta de energia em 2009, devido ao crescimento forte do consumo. Já André Querne, da Máxima Asset Managment, não acredita que faltará energia em 2009. Segundo ele, as geradoras preferiram suspender a venda devido aos baixos preços:

¿ Não vai faltar energia porque ela já existe. Acho que na realidade os geradores preferiram esperar para vender mais adiante a preços melhores do que os oferecidos.

No domingo, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, afirmou que o preço médio no leilão foi consistente com os da rodada anterior, em dezembro. Ela disse que os leilões interrompem um ¿processo de aumento tarifário explosivo¿ que estava em curso.