Título: UM PRIMO BRASILEIRO
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Fonte: O Globo, 04/04/2005, Especial, p. 2

PORTO ALEGRE. A notícia da morte do papa João Paulo II foi recebida com muita tristeza na pequena cidade gaúcha de Ponte Preta, a 400 quilômetros de Porto Alegre, onde mora um de seus primos em segundo grau, João Woidyla, de 83 anos. Seu avô, José Woidyla, que veio para o Brasil em 1914, era irmão do pai do Papa. Mas não chegou a conhecer Karol Wojtyla (cuja família alterou a grafia do sobrenome durante a Segunda Guerra Mundial) porque ele ainda não havia nascido. João, há algumas semanas, perdera a esperança da recuperação do Papa e, nos últimos dias, rezava para que seu sofrimento fosse o mínimo possível.

¿ Chegou a hora porque Deus já o estava chamando. Ele cumpriu sua missão na Terra ¿ disse ontem, ao lado da esposa Genoveva, de 76 anos.

No momento em que a morte foi anunciada na televisão, ele dava uma entrevista para a RBS TV. João ouve com muita dificuldade e não gosta de falar ao telefone porque não consegue escutar o interlocutor. Mas fez um balanço muito positivo da atuação de seu primo em segundo grau no Vaticano.

¿ Ele desenvolveu uma grande luta em favor da paz. Nunca deixou de fazer alguma coisa pela paz. O próximo Papa deveria continuar o trabalho dele.

João Woidyla nunca esteve na Polônia porque tem pavor de avião. Pelo mesmo motivo nunca quis ir até o Vaticano. Apesar disso é inesquecível seu único encontro com o primo famoso, durante a visita do papa a Porto Alegre, em 1980. Na ocasião, conseguiu estar com João Paulo II por apenas dois minutos. Foi o tempo de dar um abraço e ser abençoado.

¿ Nem sabia o que dizer. Fiquei muito emocionado ¿ relembrou João, que guarda uma carta na qual o Papa reconhece o parentesco.