Título: Dos cotados do continente, o mais europeu
Autor: Deborah Berlinck, Gina de Azevedo Marques e Monica
Fonte: O Globo, 05/04/2005, Especial, p. 1

Aos 68 anos, o arcebispo de Buenos Aires, nomeado cardeal em 2001, é uma figura de grande prestígio em seu país. Filho de um casal de imigrantes italianos, o arcebispo jesuíta argentino é considerado o mais europeu dos possíveis sucessores latino-americanos de João Paulo II. Formando em engenharia química, Bergoglio foi secretário de Culto do país nos governos de Arturo Frondizi e Carlos Menem. Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, arcebispo da capital argentina, após a morte do cardeal Antonio Quarracino. O arcebispo jesuíta argentino é um homem muito reservado, evita qualquer contato com a imprensa e, também, com o poder político. Segundo contam seus colaboradores, Bergoglio costuma andar de ônibus e de metrô para estar em contato com a população e, como bom argentino, gosta de futebol e de tango. O cardeal argentino é torcedor do San Lorenzo de Almagro, um dos times mais tradicionais do país. O arcebispo de Buenos Aires é um homem conservador.

Em 2004, em meio a um acirrado debate nacional provocado pela exposição do artista Leon Ferrari, cujas obras foram consideradas uma ofensa à Igreja pela comunidade católica argentina, Bergoglio optou por romper o silêncio e criticou publicamente a exposição. No entanto, o cardeal argentino evitou polemizar com o governo do presidente Néstor Kirchner, que nas últimas semanas protagonizou um duro bate-boca com a Igreja local, desencadeado pelas declarações do bispo Antonio Baseotto, capelão militar, que fez duríssimas críticas ao ministro da Saúde, Ginés González Garcia, defensor da legalização do aborto.