Título: VANTAGEM
Autor:
Fonte: O Globo, 07/04/2005, Opinião, p. 6

Um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a consultoria Watson Wyatt Worldwide, concluiu que a economia global tem o desafio de evitar que o envelhecimento da população e o conseqüente decréscimo da força de trabalho emperrem seu crescimento econômico. Ora, qualquer país que esteja no processo de envelhecimento progressivo, ainda que procure aumentar sua população através da imigração, não tem boas perspectivas econômicas a médio e longo prazos.

Mas, ao contrário, se no país houver uma taxa de natalidade satisfatória, haverá condições para um maior consumo interno, uma maior produção de bens e serviços para esta demanda, mais oferta de mão-de-obra a menor custo e preços mais competitivos nas exportações e, provavelmente, um maior aumento do produto interno bruto. Um exemplo atual desta situação é a China. Todo esse problema pode ser verificado através do cálculo da taxa de dependência, que é medida através da relação entre crianças e idosos (que não trabalham) e a população economicamente ativa. Quando esta taxa diminui, há mais mão-de-obra barata, o sistema previdenciário fica menos oneroso, e o país pode caminhar sem dificuldades para o seu crescimento econômico. Se, por outro lado, as crianças deixarem de nascer, no futuro não haverá pessoas suficientes que estejam no auge da capacidade produtiva.

Contra o que foi exposto há um posicionamento apresentado em algumas mídias de que o rápido crescimento das populações menos desenvolvidas impede o desenvolvimento econômico. Isto somente será verdade se o problema da população carente e miserável e a desigualdade social não forem vistos como problemas a ser enfrentados.

Para combater a pobreza é preciso cuidar da saúde, assegurar transporte e proporcionar saneamento básico, ou seja, procurar melhorar as condições de vida destas populações dentro do ambiente degradado em que vivem. Para diminuir a desigualdade social é preciso dar educação. Estes são direitos básicos que devem ser supridos pelo Estado que, de qualquer forma, deve sempre considerar que a mão-de-obra de baixa qualificação também é importante para o país.

Enfim, para que haja um aumento da natalidade o único modo possível é promover o verdadeiro planejamento familiar, que tolera que as famílias mais pobres continuem tendo filhos, para se evitar uma mentalidade antinatalista, procurando-se ao mesmo tempo investir para dar-lhes melhores condições de vida, e incentivar as famílias com mais possibilidades a ter mais filhos, se o desejarem.