Título: ANVISA: PEIXE CRU DEVE SER EVITADO
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Fonte: O Globo, 07/04/2005, O País, p. 8

Alerta para o país é divulgado após registro de 28 casos de difilobotríase em SP

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Em alerta técnico divulgado ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura recomendam à população brasileira que evite consumir peixe cru. O aviso foi provocado pelo registro, em São Paulo, de 28 casos de difilobotríase ¿ infecção causada por um parasita encontrado em peixes ¿ em apenas 12 meses. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 18 casos.

No alerta, a Anvisa diz que os casos estão ¿associados à ingestão de peixes crus ou mal cozidos, consumidos em restaurantes japoneses ou outros que servem a culinária japonesa¿.

O comunicado recomenda que as vigilâncias epidemiológicas investiguem os casos confirmados e fiquem alertas a pacientes com queixa de diarréia e desconforto abdominal. Os sintomas da infecção são variáveis ¿ em alguns casos nem aparecem. A parasitose pode provocar cólica, emagrecimento e levar a uma anemia grave.

¿ Os casos foram registrados em São Paulo, mas como não temos hoje a dimensão do risco para o país, resolvemos divulgar esse alerta nacional ¿ disse o diretor-presidente da Anvisa, Claudio Maierovitch.

O diagnóstico da difilobotríase só é possível por meio de exames microscópicos que possam detectar ovos do verme causador da infecção em amostras de fezes. O tratamento deve ser diferente do que normalmente é recomendado a pacientes com espécies mais comuns de parasitas, como o helminto.

O parasita causador da infecção, o Diphyllobothrium latum, é comum em áreas de lagos e deltas da Sibéria e da América do Norte e da Europa, além de Chile, Argentina, Peru, Japão e Coréia. O governo brasileiro pediu informações às autoridades sanitárias chilenas sobre os mecanismos usados no país para controlar a doença.

O alerta sugere que o peixe usado no preparo de pratos em que é servido cru deve ser congelado por pelo menos sete dias à temperatura de 20 graus centígrados negativos ou por, no mínimo, 15 horas a uma temperatura de 35 graus negativos. O salmão é o peixe com maior índice de transmissão do verme, mas há outras espécies transmissoras. Peixes fritos, cozidos ou assados não oferecem risco.

Em São Paulo, a Secretaria estadual da Saúde recomendou a restaurantes e fornecedores de peixe cru que congelem o produto a 20 graus negativos por uma semana. O parasita só é destruído quando o alimento é bem cozido ou congelado. Donos de restaurantes japoneses em São Paulo estão preocupados e prevêem queda de 80% no faturamento.