Título: GRÁVIDAS PODERÃO TER ACOMPANHANTE NO SUS
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Fonte: O Globo, 08/04/2005, O País, p. 3

Ministério anuncia também que produto para tratar recém-nascidos já é produzido no Brasil

BRASÍLIA. Toda mulher grávida tem direito a um acompanhante a seu lado antes, durante e após o parto na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A nova lei, aprovada em março pelo Congresso, foi sancionada ontem pelo presidente em exercício, José Alencar, como parte das comemorações pelo Dia Mundial da Saúde. Também ontem, o Ministério da Saúde anunciou o início dos testes do primeiro surfactante produzido no Brasil. Usado para tratar de problemas respiratórios de bebês prematuros, o produto foi desenvolvido pelo Instituto Butantan com financiamento do governo federal.

Medidas são para reduzir mortalidade

As medidas fazem parte do pacote destinado a reduzir as mortalidades materna e infantil no país. A lei do parto acompanhado já existe em Santa Catarina, onde mulheres grávidas já têm garantido o direito a serem assistidas por um acompanhante, mesmo que estejam sendo atendidas na rede pública. O projeto que estendeu esse direito a todas as mulheres do país é de autoria da senadora Ideli Salvati e do deputado Volnei Morastoni, do PT catarinense.

Segundo especialistas, o presença de um acompanhante reduz o estresse da mulher e facilita o trabalho médico. A medida, garante o ministério, traz até economia aos cofres públicos, uma vez que diminui o tempo de internação da paciente e facilita o parto normal, reduzindo assim o número de cesarianas, que custam mais caro. No ano passado, os 2,4 milhões de partos feitos na rede do SUS custaram R$846,8 milhões.

¿ Quando a mulher está só, ela fica menos preparada para a realização do parto. Por isso, é importante que ela tenha ao lado alguém em quem confie ¿ diz Tereza de Jesus Campos, do Ministério da Saúde.

Agora os hospitais do SUS terão de se adequar para receber o acompanhante que a gestante quiser nas consultas do pré-natal, na sala de parto e nos atendimentos pós-nascimento.

Produzido no país, surfactante deve ter custo menor

A redução de custos também é um dos objetivos do incentivo à produção de surfactante no Brasil. Hoje, o produto é importado de países como Itália e Estados Unidos. Sendo produzido no Brasil, os custos deverão cair à metade.

O surfactante é obtido a partir do pulmão de porcos e combate a doença pulmonar de membrana hialina, que acomete bebês prematuros e é responsável pela maior parte das mortes neonatais no Brasil.