Título: PFL AGORA SE DIZ CONTRA O MODELO SOCIAL-DEMOCRATA
Autor:
Fonte: O Globo, 08/04/2005, O País, p. 8

Após oito anos de apoio a FH, liberais querem Estado menor

BRASÍLIA. O PFL, que durante oito anos apoiou o governo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, divulgou ontem documento no qual afirma que o principal desafio do país é superar o modelo social-democrata tucano, atualmente gerido pelo PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para os liberais, esse modelo limitou o crescimento com uma carga tributária alta e interrompeu o processo de abertura da economia do país.

¿ Sem redução do tamanho do Estado e sem maior abertura aos fluxos de comércio externo, o Brasil estará condenado a crescer em ritmo insuficiente para reduzir significativamente o desemprego e melhorar o padrão de vida da população ¿ disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

Em seminário realizado ontem, o partido reuniu um time de especialistas que discutiu propostas para a área econômica. O diagnóstico dos economistas é claramente liberal: consideram que o Estado é grande demais e é um entrave ao desenvolvimento. A receita proposta é ¿crescimento econômico vigoroso, redução de impostos e corte expressivo da despesa pública¿, para chegar ao lema ¿Menos impostos e mais empregos¿.

¿ Se o Brasil não diminuir o tamanho do Estado, vai a default (dará calote na dívida interna) ¿ previu o economista Cláudio Adilson, presidente da MCM Consultores, contratada pelo partido para o estudo.

Entre as questões mais específicas abordadas no seminário está o déficit da Previdência Social. Segundo Bornhausen, o PFL entende que não será possível mexer com o sistema atual, por questões políticas e legais, e será preciso fundar uma nova Previdência para os novos contribuintes.

¿ Nós nos rendemos ¿ resumiu Bornhausen.

PSDB ensaia aproximação com pefelistas para 2006

Apesar das críticas ao modelo social-democrata, PFL e PSDB voltaram a se aproximar nos últimos dias, iniciando os entendimentos para uma aliança contra a reeleição de Lula em 2006. A relação entre as duas legendas, pilares do governo Fernando Henrique, passou por abalos recentes. O principal deles foi a eleição de um deputado do PFL para presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, numa união com a oposição ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A primeira ação concreta dos tucanos foram discursos e uma nota da executiva do PSDB em apoio ao prefeito do Rio, Cesar Maia, com críticas à intervenção federal nos hospitais cariocas. Outra iniciativa foi a ida da cúpula do PSDB ontem à abertura do seminário do PFL. A presença do presidente do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), e dos líderes Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra (PE) foi interpretada no PFL como uma manobra do PSDB para assegurar o apoio do PFL no ano que vem.