Título: VENDA DO ANALGÉSICO BEXTRA É SUSPENSA
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Fonte: O Globo, 08/04/2005, Ciência e Vida, p. 30

Brasil, EUA e Europa tiram do mercado medicamento relacionado a problemas cardiovasculares e na pele

NOVA YORK. A Pfizer anunciou ontem a suspensão das vendas do analgésico Bextra nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, seguindo orientações da Administração de Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) e da Agência Européia de Medicamentos, que não consideram o remédio suficientemente seguro para comercialização.

No Brasil, a decisão de interromper a venda do analgésico, usado sobretudo no tratamento de artrite, foi tomada depois de uma reunião entre dirigentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e representantes do laboratório americano para tratar do problema. O Canadá também pediu a interrupção da comercialização do remédio.

O Bextra pertence a uma classe de drogas relacionadas a um aumento do risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares. Trata-se da mesma classe do Vioxx, retirado do mercado no ano passado por esse motivo. Entretanto, a razão apresentada tanto pelas autoridades sanitárias quanto pela Pfizer para a suspensão das vendas do Bextra foi a constatação de que o medicamento estaria ligado ao aumento do risco de problemas de pele potencialmente severos.

Em comunicado, a Pfizer sustentou discordar das autoridades no que diz respeito aos riscos do remédio. Mas afirmou estar suspendendo a comercialização do medicamento enquanto debate a situação com a FDA e a agência européia. Alertou, no entanto, os pacientes a suspenderem o uso do remédio.

A FDA anunciou também que os laboratórios fabricantes de medicamentos desta mesma classe, os inibidores de COX-2, deverão trazer em suas embalagens alertas mais claros sobre os riscos apresentados por seus produtos.

Vendas da droga em 2004 somaram US$1,3 bilhão

A recomendação vale não apenas para os remédios de última geração, mas também para alguns mais antigos. A lista das drogas está no site da FDA em http://www.fda.gov/cder/drug/infopage/cox2/default.htm. A FDA justificou sua decisão dizendo que ela foi baseada em dados científicos, entre eles alguns reunidos depois da aprovação dos medicamentos.

¿ As medidas protegem a saúde de milhões de pessoas que confiam nesses remédios todos os dias ¿ afirmou Steven K. Galson, diretor do Centro de Avaliação de Drogas e Pesquisa da FDA.

A FDA passou a reexaminar os potenciais riscos relacionados aos inibidores de COX-2 depois que a Merck voluntariamente retirou o Vioxx do mercado. Ao explicar, ontem, a decisão de pedir a retirada do Bextra do mercado, a FDA sustentou que os potenciais riscos oferecidos pelo remédio não compensam seus benefícios.

A Agência Européia de Medicamentos descreveu a suspensão das vendas de ¿medida temporária¿. As autoridades européias aguardam a conclusão de estudos em andamento sobre os riscos dos inibidores de COX-2 para uma decisão final. Somente no ano passado, as vendas do Bextra somaram US$1, 3 bilhão.