Título: FURLAN: SEM SALVAGUARDAS CONTRA A CHINA
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 09/04/2005, Economia, p. 28

Ministro critica empresários que acusam país asiático de práticas desleais

SÃO PAULO. Em encontro com empresários promovido pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, indicou ontem que o governo não pretende adotar salvaguardas contra as importações de produtos chineses. Depois de defender o reconhecimento da China como uma economia de mercado, Furlan afirmou que os empresários ainda não apresentaram reclamação formal de que essas importações representam concorrência desleal com os produtos brasileiros.

¿ Muitos dizem que a China ainda está distante de uma economia de mercado perfeita. É provável que estes críticos tenham razão, mas o Brasil fez uma aposta futura em troca de concessões de curto prazo ¿ afirmou o ministro, explicando que o governo chinês se comprometeu a promover maior abertura do seu mercado a produtos brasileiros.

Furlan recriminou as críticas ¿etéreas¿ e afirmou que as denúncias de subfaturamento e contrabando não podem ser atribuídas a ¿nenhum país em particular¿.

Fiesp criou comissão de combate ao `dumping¿

Ele cobrou ainda dos empresários a apresentação de casos concretos em que a importação da China represente concorrência desleal para as empresas nacionais.

¿ Os mesmos setores que criticam não entraram formalmente com nenhuma denúncia no ministério. E dá para fazer isso via internet. Não podemos digladiar através da mídia, porque isso inclusive pode prejudicar as relações entre o Brasil e a China ¿ disse o ministro.

Na terça-feira passada, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou a criação de uma Comissão Permanente de Defesa Comercial, com o objetivo de coordenar a ação do setor privado no combate a práticas desleais de mercado. O primeiro alvo do grupo é a China. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que o governo federal deveria rever a decisão diplomática de reconhecer o país asiático como uma economia de mercado.

Estudo apresentado pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da entidade mostrou que China e Taiwan são os dois principais alvos de medidas antidumping registradas no âmbito da Organização Mundial do Trabalho (OMC). A China tem aumentado sua participação nas importações totais feitas pelo Brasil da Ásia. De 19,44% há três anos, passaram para 30,22% no ano passado.