Título: CARIOCA TEM PARASITA TRANSMITIDO POR PEIXE CRU
Autor: Alessandro Soler
Fonte: O Globo, 09/04/2005, Rio, p. 23

Fã de comida japonesa, estudante descobre difilobotríase, que pode ter sido contraída no Rio ou em Salvador

Num exame de rotina, no mês passado, o estudante carioca Rafael dos Santos Alves descobriu estar infectado pelo parasita Diphyllobothrium latum, transmitido a seres humanos pela ingestão de peixe cru. Este pode ser o primeiro caso fora de São Paulo da verminose difilobotríase desde a descoberta do surto naquela cidade, onde 27 pessoas foram infectadas desde março de 2004. Freqüentador assíduo de restaurantes japoneses, Rafael esteve este ano em Salvador e não sabe onde contraiu o parasita. Para tentar descobrir isso, a Vigilância Sanitária municipal passará a inspecionar segunda-feira importadores, distribuidores e restaurantes que vendem peixes crus. Especialista em pescados da Vigilância, Fátima Dias pedirá análises.

Rafael contou ao ¿Diário de S. Paulo¿ que levou um susto ao descobrir a verminose. Como a médica lhe disse que o parasita é raro no Brasil, procurou ajuda no site da Sociedade Brasileira de Parasitologia, onde obteve informações.

Fátima diz que um caso isolado não deve ser tratado como surto. Segundo ela, enquanto não se descobrir onde Rafael se contaminou, não há motivo para alarme:

¿ Mas recomendaria a quem costuma ir muito a restaurantes japoneses ou outros que servem pratos à base de peixes crus que faça exames, até para afastar dúvidas.

Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a probabilidade de os peixes contaminados serem do Brasil é pequena. O parasita é mais encontrado na Rússia, em países escandinavos e bálticos, na América do Norte, no Japão e no Chile. Assim, a suspeita de contaminação em São Paulo, ainda não confirmada, recaiu sobre o salmão chileno. Para matar o parasita, a Anvisa recomenda que os peixes sejam congelados a 20 graus negativos por sete dias ou a 35 graus negativos por 15 horas.

Como os parasitas do gênero Taenia, transmitidos pela ingestão da carne crua de bois e porcos, o Diphyllobothrium pode levar anos até se manifestar. Segundo a Anvisa, ¿a maioria dos casos apresenta-se de forma assintomática, entretanto podem ocorrer distensão abdominal, flatulência, cólica abdominal, emagrecimento, diarréia e anemia.¿