Título: OPOSIÇÃO E BASE ALIADA CRITICAM GASTOS DO GOVERNO COM JUROS E PREVIDÊNCIA
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 12/04/2005, Economia, p. 18

Para parlamentares, despesas de custeio e dívida prejudicam investimentos

BRASÍLIA. Os gastos do setor público com juros da dívida, Previdência Social, pessoal e custeio da máquina ¿ que em dez anos totalizaram R$5,78 trilhões, conforme noticiou O GLOBO na edição de ontem ¿ foram alvo de críticas da oposição e de parte da base aliada. A oposição culpou o atual governo por estar contribuindo para aumentar ainda mais o rombo, devido aos gastos com o custeio da máquina. Já os governistas, embora defendam maior presença do Estado, atacam os juros elevados pela falta de recursos para investimentos em infra-estrutura e áreas essenciais.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em patamares elevados está destruindo o Estado brasileiro e deveria ser o alvo central dos ataques, em lugar das folhas de pagamento do funcionalismo e da Previdência. De acordo com Jandira, o ciclo de sete altas consecutivas da Selic feito pelo Banco Central entre setembro de 2004 e março deste ano (o que elevou a taxa de 16% ao ano para 19,25% anuais) vai representar um aumento de R$30 bilhões na dívida pública, um volume de recursos superior ao destinado à Saúde ano passado, de R$29 bilhões, segundo a deputada.

¿ O tamanho do Estado ainda é pequeno para o tamanho da população. São os juros e não os gastos correntes que estão destruindo o Estado. O que o país precisa é enfrentar esta questão. Não é cortando gasto público que vamos resolver o problema do Brasil, nem aumentando impostos ¿ disse Jandira.

Álvaro Dias: Estradas não receberam nem um centavo

Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acusa o governo de estar gastando muito em custeio (consultorias, diárias e estadas), aumentando ainda mais o rombo, em prejuízo de investimentos em infra-estrutura. Ele mostrou dados do Sistema de Acompanhamento Financeiro do Tesouro Nacional (Siaf) segundo os quais, até o dia 1º de abril, a União não tinha destinado um só centavo do Orçamento à manutenção de estradas e ferrovias, ao Corredor Mercosul ¿ conjunto de rodovias que interliga o bloco ¿ e à infra-estrutura de transportes.

Dias criticou também os cortes de Orçamento feitos neste governo e no do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, de 2000 a 2004, contingenciaram R$160 bilhões. Só no ano passado, do total contingenciado (mais de R$50 bilhões), R$17 bilhões eram da Seguridade Social, informou o senador:

¿ O governo corta em áreas essenciais, mas não economiza nos seus gastos. Só em publicidade no ano passado foi R$1,05 bilhão. Agora mesmo chegou ao Congresso uma medida provisória criando 147 cargos em comissão. É preciso mais responsabilidade.