Título: MAIS DOIS BANCOS ESTÃO ENVOLVIDOS COM ARRIETA
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 13/04/2005, O País, p. 9
Seis funcionários da Receita também pertenciam à quadrilha do fraudador argentino; PF encontrou um quilo de esmeraldas
PORTO ALEGRE. Dois bancos, um com sede no Rio, e seis funcionários da Receita Federal estão envolvidos com a quadrilha liderada pelo argentino Cesar Arrieta, desbaratada pela Polícia Federal anteontem em cinco estados e no Distrito Federal, com a prisão de 13 pessoas. O corregedor-geral da Receita Federal, Moacir Leão, disse que cinco servidores são do Rio Grande do Sul. O estado onde atua o sexto não foi revelado para não prejudicar as investigações.
Dos cinco gaúchos, dois estão aposentados e deverão ter a aposentadoria cassada, segundo Leão. Nos próximos dias a Corregedoria da Receita solicitará a quebra do sigilo bancário e telefônico dos seis funcionários e instaurará inquéritos administrativos. Além de fornecer informações do cadastro de devedores à quadrilha, esses funcionários faziam as concessões indevidas com os créditos fictícios apresentados pela quadrilha, e emitiam certidões falsas.
Ontem foram iniciados os interrogatórios dos presos na Superintendência da Polícia Federal do Rio Grande do Sul, onde estão centralizadas as investigações, e na PF do Rio, onde está preso Siegfried Waldemar Max Franz Grisbach, de 96 anos.
Os bancos envolvidos, segundo o delegado Rodrigo Fernandes, são do porte do Banco Santos, que fez negócios com a quadrilha. Os nomes não foram divulgados, mas, segundo um policial, um deles tem sede no Rio de Janeiro. Há envolvimento de diretores e altos funcionários, e os valores são muito elevados.
Os bancos liberavam os valores integrais dos investimentos em CDBs, sem recolher os impostos, com base num compromisso irregular da quadrilha de fazer o recolhimento. Só no primeiro semestre de 2004 essa movimentação de CDBs atingiu o montante de R$1,5 bilhão.
Em depoimento no Rio, Siegfried Grisbach disse que vendeu a Vale Couros Trading ¿ empresa utilizada pela quadrilha como fachada para as fraudes e que, em meados do ano passado, foi vendida para o Banco Santos ¿ para Cesar Arrieta, que não confirma a informação.
A advogada Sônia Regina Soder, mulher de Arrieta, também prestou depoimento.
Entre os malotes com 30 CPUs de computadores e documentos da quadrilha apreendidos nos seis estados foi encontrado um quilo de esmeraldas em estado bruto.