Título: MILAGRES DO PONTÍFICE
Autor: Gina de Azevedo Marques
Fonte: O Globo, 11/04/2005, O Mundo, p. 19

Até os céticos têm fé no poder de João Paulo II

ROMA. Ginebra Lavarello mora em Roma, não vai à missa nem foi ver o corpo do Papa João Paulo II. Mas ontem, num jantar com amigos, foi a primeira a comentar:

¿ Vocês notaram que na semana da morte e do enterro do Papa, o tempo estava maravilhoso em Roma? E que logo depois funeral, não pára de chover? Muita coincidência, não?

Até os mais céticos já falam em João Paulo II como um santo milagroso, nos jornais, nas ruas e na longa fila que se formou ontem na entrada da Basílica de São Pedro. E havia milagre para todos os gostos: desde o funcionamento do trânsito até a cura de um doente.

Até o cardeal Francesco Marchisano disse que foi curado por ele há cinco anos. Ao celebrar a segunda das nove missas, em homenagem a João Paulo II, ele contou que por um erro médico ficou com a corda vocal direita paralisada.

¿ O Papa passou a mão na minha garganta, no local da cirurgia, dizendo que rezaria por mim. Depois de algum tempo, voltei a falar normalmente.

O cardeal mexicano Javier Lozano Barragan, 71 anos, contou como testemunhou o que parecia ser um milagre. Foi dia 12 de maio de 1990, durante uma viagem de João Paulo II ao México. O Papa abraçou o menino Heron Badillo e lhe deu um beijo na testa. Só então percebeu que Badillo estava muito doente: ele tinha leucemia. Mas segundo o cardeal, o menino curou-se e foi abençoado no ano passado pelo Papa.

No dia do funeral, milhares de fiéis gritaram: ¿João Paulo II, Santo já¿. Mas o Vaticano já deixou claro que não se vira santo de um dia para o outro. Existe um processo, que antes levava cerca de dez anos mas que o Papa encurtou, para beatificar Madre Teresa de Calcutá, seis anos depois da morte.