Título: HOSPITAIS DE CAMPANHA DEVEM SER DESATIVADOS
Autor: Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 13/04/2005, Rio, p. 21

Coordenador da intervenção anuncia projeto para aumentar atendimento na rede estadual em 2.500 consultas

Os hospitais de campanha montados pelas Forças Armadas na Barra da Tijuca e no Campo de Santana estão com os dias contados. Segundo o coordenador da intervenção do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, Sérgio Cortes, os hospitais podem fechar num prazo entre 30 e 45 dias.

Isto depende agora do andamento de um projeto com a Secretaria estadual de Saúde para aumentar em 2.500 consultas diárias o atendimento ambulatorial em todo o estado. O anúncio foi feito ontem durante a abertura de um debate sobre a crise da saúde no município do Rio, no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão.

De acordo com Sérgio Cortes, a procura pelos hospitais de campanha tem diminuído devido ao aumento gradativo da oferta de consultas ambulatoriais nas unidades de saúde. Em até 20 dias, o projeto em parceria com a Secretaria estadual de Saúde para ampliar o atendimento ambulatorial deve estar concluído. A forma como a ampliação será feita, se através dos hospitais ou de postos, está sendo estudada.

¿ As grandes filas que se formaram nos hospitais de campanha eram para atendimento de ambulatório, não de emergência. Queremos oferecer mais consultas em ambulatório exatamente para que essas pessoas não ocupem desnecessariamente as emergências ¿ explicou Cortes.

Após o debate na UFRJ, Sérgio Cortes aproveitou a ocasião para esclarecer que ainda não há prazo para terminar a intervenção federal na saúde do município do Rio. Além de reorganizar a rede de atendimento de saúde no município, o governo federal precisa ter certeza de que a prefeitura tem capacidade para receber de volta os hospitais sob intervenção antes de devolvê-los.

O coordenador da intervenção comentou ainda em sua apresentação que o programa Saúde da Família tem uma dificuldade a mais de implantação na cidade do Rio, em comparação com outras capitais, devido ao contexto de violência provocado pelo tráfico. Ou seja: é preciso levar em conta uma preocupação a mais com os profissionais que vão trabalhar em áreas de risco

Vários profissionais de saúde e professores participaram do debate. Entre eles estavam o decano do Centro de Ciências da Saúde, João Ferreira, e o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, que colocou a universidade à disposição para ajudar o Ministério da Saúde a encontrar uma saída para a crise.