Título: Energia de reserva
Autor:
Fonte: O Globo, 14/04/2005, O País, p. 6

Otempo está passando e muitas das hidrelétricas licitadas na administração passada tiveram suas obras iniciadas. O governo Lula fará sua primeira licitação em meados deste ano. Desse modo, se a economia brasileira continuar crescendo em ritmo satisfatório a sobra de energia hoje existente será absorvida antes do fim desta década e o país voltará a conviver com um quadro de risco no abastecimento de eletricidade.

A construção de usinas térmicas a gás, estimulada como opção para equilibrar o mercado, esbarra em várias dificuldades, entre as quais a oferta de gás natural a custos compatíveis com a realidade do mercado de energia.

Nesse quadro, a usina Angra 3 pode funcionar como uma reserva importante no setor. A conclusão da obra levaria o mesmo tempo que uma hidrelétrica com a mesma capacidade de energia firme (1.300 megawatts) cujo projeto de engenharia, processo de licenciamento ambiental, contratação de fornecedores etc. ainda estejam no seu ponto de partida.

Diferentemente do que aconteceu com Angra 2, os custos para finalização da terceira usina nuclear estão hoje inteiramente mensurados e há até mesmo uma proposta de equacionamento financeiro para viabilizar a obra.

Pelo estágio em que o investimento se encontra, a conclusão de Angra 3 acabará se impondo, vencendo preconceitos contra o uso da energia nuclear. Esperava-se que a experiência acumulada na operação das duas primeiras usinas fosse suficiente para superar essas barreiras. Mas o governo Lula, infelizmente, tem preferido mantê-la na ¿prateleira¿.