Título: MST RECUA NAS INVASÕES DO `ABRIL VERMELHO¿
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 14/04/2005, O País, p. 9

Para movimento, Lula demonstrou que apóia reforma agrária

BRASÍLIA. Depois de prometer incendiar o país com ocupações no chamado ¿abril vermelho¿, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) anunciou ontem que as invasões neste mês não devem chegar à metade das 109 ocorridas em abril de 2004. Para o movimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou estar comprometido com a reforma agrária ao liberar semana passada R$400 milhões para a criação de assentamentos.

O principal coordenador do MST, João Pedro Stédile, disse ontem também que o movimento adiou para maio a marcha pela reforma agrária, de Goiânia até Brasília, que ocorreria este mês. O motivo alegado é o de que o MST não quer disputar o noticiário com os desdobramentos da morte do Papa João Paulo II e a eleição do novo Pontífice. Segundo o MST, se a marcha fosse realizada neste mês, não teria a atenção devida da imprensa.

Apesar do adiamento, Stédile criticou o governo e disse que a reforma agrária está ¿a passos de tartaruga¿. Para ele, a atual política econômica é uma continuação do que foi feito no governo passado.

O MST também fechou um pacto ontem com o PT. Os líderes do movimento reuniram-se com o presidente do partido, José Genoino, e com a bancada petista na Câmara. Após o encontro, Genoino anunciou uma agenda comum entre MST e PT. O partido irá apoiar a marcha de maio e vai levar as reivindicações do movimento ao Planalto. O partido ainda recomendará a seus militantes que participem da marcha e de atos públicos que irão ocorrer nestes dois meses.