Título: SALMÃO SÓ ENTRARÁ NO PAÍS CONGELADO
Autor:
Fonte: O Globo, 16/04/2005, Rio, p. 24

Acordo entre importadores e restaurantes japoneses previne a contaminação por parasita

A Associação Brasileira de Culinária Japonesa (ABCJ) e os importadores de salmão proveniente do Chile assinaram ontem um termo de compromisso assegurando que todo salmão servido em restaurantes japoneses chegará congelado ao Brasil. O objetivo é eliminar, dessa forma, qualquer risco ao consumidor.

Congelamento elimina risco de parasita

O acordo foi firmado em caráter temporário e preventivo até que os casos de infestação pelo parasita causador da difilobotríase sejam esclarecidos. A doença foi identificada em 27 pessoas em São Paulo, 13 no Rio e uma em Brasília.

O termo foi assinado por representantes de seis importadores (TCA, Marcomar, Nordsee, Maxi Meat, Bom Peixe e Damm). O congelamento elimina qualquer possibilidade de presença do parasita Diphyllobothtrium latum nos peixes.

Desde que começaram a surgir os casos de difilobotríase, o movimento nos restaurantes japoneses do Rio caiu cerca de 20%. A difilobotríase, segundo a veterinária Fátima Dias, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não é uma doença grave e pode ser confundida com qualquer infecção intestinal.

Tratamento é feito com vermífugo

Os sintomas da doença são dor abdominal, cólica, flatulência, diarréia, dor de cabeça e enjôo. Em alguns casos pode levar à anemia por deficiência da vitamina B-12, mas é facilmente detectada pelo exame de fezes e o tratamento é feito com vermífugo.

Apontado por muitos como o vilão da difilobotríase, o salmão pode não ser o único culpado. Segundo Marcelo Knoff, pesquisador da Fiocruz, especialista em parasitas de peixes, as amostras que chegaram à Fiocruz e à Universidade Rural (que identificaram seis casos entre agosto e novembro de 2004, e um laboratório particular mais sete, entre outubro do ano passado e abril deste ano) tinham apenas ovos. Só com eles não foi possível identificar qual dos três tipos mais comuns do parasita estava atingindo os pacientes do Rio. Essa identificação só seria possível se também fossem encontrados restos do verme.

¿ Alguns dos Diphyllobothrium só acometem peixes de água doce. Outros, os de água salgada, que também são usados na culinária japonesa ¿ disse o pesquisador.

Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a probabilidade de os peixes contaminados serem do Brasil é pequena. O parasita é mais encontrado na Rússia, em países escandinavos e bálticos, na América do Norte, no Japão e no Chile.