Título: PESSIMISMO DERRUBA BOLSAS NO MUNDO
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 16/04/2005, Economia, p. 27
Dólar sobe pelo segundo dia seguido no Brasil e já é cotado a R$2,62
A perspectiva de desaceleração no ritmo de crescimento da economia global, apontada no mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado esta semana, fez dólar e risco-Brasil subirem fortemente, e Bolsa e títulos da dívida recuarem ontem, diante da maior cautela dos investidores para aplicações consideradas de maior risco. No mundo inteiro, a venda de ações foi generalizada e os aplicadores migraram os recursos para aplicações menos arriscadas, como juros e títulos americanos.
No Brasil, o dólar fechou com a segunda alta consecutiva: 1,67%, a R$2,62. A moeda não registrava tão alta valorização desde o dia 23 de fevereiro (1,98%). O risco-Brasil, que mede a confiança do investidor estrangeiro no país, encostou nos 500 pontos centesimais durante a manhã, mas no fim do dia, recuou para 489 pontos, numa alta de 4,49%. O Global 40 caiu 1,03%, cotado a 110,6% do valor de face, e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 1,31%.
Sobem as projeções de juros no mercado futuro
No mercado futuro de juros, onde os investidores projetam as taxas para os próximos meses, a alta foi significativa. No contrato com vencimento em janeiro de 2006, o mais negociado, o juro saltou de 19,39% para 19,42% ao ano. Durante o dia, porém, chegou a indicar um juro de 19,48% ao ano.
¿ Parece ter havido um certo exagero na reação dos investidores. Mas a grande questão é: será que o Brasil conseguirá manter as boas projeções de crescimento e saldo da balança comercial diante de um menor crescimento global? ¿ pergunta Octávio Vaz, sócio da Questus Asset Management.
O economista-chefe do banco HSBC, Alexandre Bassoli, avalia que ainda há sinais positivos para a economia global:
¿ O comércio mundial deve crescer de forma robusta pelo terceiro ano consecutivo, o que beneficia o Brasil.
O temor de desaceleração da economia e da queda nos lucros das empresas levou as bolsas americanas à pior semana desde março de 2003. A venda de ações começou por causa do lucro abaixo das estimativas anunciado pela IBM na véspera e se intensificou com o recuo na confiança do consumidor americano. O índice Dow Jones teve queda 1,86%. O Nasdaq caiu 1,98% e o S&P 500, 1,67%. Na semana, os índices acumularam queda de 3,6%, 3,3% e 4,6%, respectivamente.
¿ O mercado está se comportando como se estivéssemos entrando em uma recessão ¿ disse Ram Kolluri, diretor de Investimentos da corretora Global Value Investors, ao site CNN/Money.
Bolsas de valores caem na Europa e no Japão
As demais bolsas também fecharam em queda. O índice Nikkei, do Japão, recuou 1,66%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, 0,97%. No mercado europeu, o FTSE, de Londres, caiu 1,10%, o índice alemão Dax, 2,04%, e o francês CAC, 1,92%. Os investidores se refugiaram nos títulos do governo americano. Devido à intensa procura, o rendimento do papel de dez anos do Tesouro caiu de 4,32% para 4,24% ao ano.
(*) Com agências internacionais