Título: `O próximo Papa será provavelmente melhor¿
Autor: Priscila Guilayn
Fonte: O Globo, 16/04/2005, O Mundo, p. 30

MADRI. Sacerdote e diretor do Escritório para as Causas dos Santos da Prelatura da Opus Dei na Espanha, Juan Carlos Martín de la Hoz diz que sua congregação não tem preferência por qualquer dos candidatos a Papa, e que o próximo Pontífice deverá superar Karol Wojtyla.

A presença da Opus Dei no mundo é crescente, tanto no que se refere ao número de fiéis como em sua presença nos âmbitos político, acadêmico e da magistratura?

JUAN CARLOS MARTÍN DE LA HOZ: Foi crescendo graças a Deus, como mostra o ¿Anuário Pontifício¿. A Opus Dei se interessa por todas as pessoas, sem elitismo nem discriminações. Na verdade, as pessoas que pertencem a essas profissões ou categorias são apenas uma minoria em todo o conjunto. De qualquer modo, os diretores da Opus Dei respeitam completamente a liberdade de cada um e se abstêm inclusive de fazer sugestões ou dar conselhos.

Nos quase 27 anos de pontificado de João Paulo II, aumentou o poder da Opus Dei no Vaticano? Em que se traduz esse aumento de poder?

DE LA HOZ: Fora a designação de Joaquín Navarro-Valls como diretor de Comunicação, em 1984, e, mais tarde, do senhor Julián Herranz (nomeado cardeal na Espanha no fim do pontificado), sempre se contou nos dedos da mão os fiéis da Opus Dei que ocupam cargos na Cúria Vaticana.

Na Espanha, a Opus Dei foi identificada algumas vezes com os tempos do franquismo, por seu suposto apoio à ditadura do general Franco. A organização tenta se desvincular dessa imagem?

DE LA HOZ: Na época de Franco houve, efetivamente, pessoas da Opus Dei que colaboraram livremente com o general, como muitos católicos. Outros se opuseram. Mas todos agiam com liberdade, sem representar a Opus Dei, que ama o pluralismo.

Qual é o significado e a missão da Opus Dei dentro da Igreja?

DE LA HOZ: A finalidade da Obra é contribuir com a missão evangelizadora da Igreja, promovendo, entre os fiéis cristãos de todas as condições, uma vida plenamente coerente com a fé em circunstâncias ordinárias da existência humana e, especialmente, por meio da santificação do trabalho.

Quais foram as maiores conquistas da Opus Dei nas últimas três décadas?

DE LA HOZ: Não é fácil responder. Talvez tenha sido a fidelidade ao fundador (José María Escrivá de Balaguer), falecido em 1975. Não se produziu o cataclismo que alguns esperavam. Ao contrário, houve continuidade no trabalho, pensando sempre em servir à Igreja e às almas. E, a partir daí, nós nos estabelecemos em 31 novos países.

Quais podem ser as conseqüências da eleição de um papa que não se identifique com a Opus Dei?

DE LA HOZ: O importante é que os membros da Opus Dei sejam fiéis ao próprio fundador, com o qual aprenderam a se identificar com o Papa, seja quem ele for. Assim foi até agora e nada indica que será diferente.

Quais as principais características que o novo Papa deve reunir?

DE LA HOZ: As mesmas de seus antecessores: ser um homem de Deus, atento ao serviço da Igreja e às necessidades dos homens. Fazer o que os últimos papas fizeram no último século. Foram diferentes entre eles, mas cada um superou o anterior, quando parecia impossível. O próximo Papa será provavelmente melhor que João Paulo II.

Qual é o candidato da Opus Dei para o próximo pontificado?

DE LA HOZ: Não temos candidato. Rezamos pelo que for eleito e o amamos, seja quem for. Como nos disse São Josemaría Escrivá, ofereceremos tudo por sua pessoa e por suas intenções, até a respiração. (P.G.)