Título: DIRETOR RECONHECE QUE HÁ DIFICULDADES PARA TRABALHO REALIZADO PELOS PERITOS
Autor: Fábio Vasconcellos
Fonte: O Globo, 17/04/2005, Rio, p. 16

Roger Ancillotti diz que faltam 200 profissionais e material científico

O diretor da Polícia Técnica e Científica do Rio, Roger Ancillotti, admite que enfrenta dificuldades, como a falta de material científico e de mais peritos criminais para trabalhar. Segundo ele, a polícia precisa de mais 200 profissionais ¿ hoje, são cerca de 300. Ancillotti, contudo, defende-se das críticas, citando casos em que as provas obtidas foram fundamentais, como o assassinado do casal Staheli na Barra da Tijuca e do chinês Chan Kim Chang, que morreu depois de ter sido espancado dentro do Presídio Ary Franco, em Água Santa.

¿ Estamos num processo que se iniciou há quatro anos e que é de total transformação na polícia técnica do Rio. Compramos equipamentos modernos, como a central de DNA, que em breve começará a funcionar e vai dar muito mais precisão ao trabalho da perícia. Por outro lado, vamos lançar o concurso para mais 200 peritos criminais, além de contratar mais 180 papiloscopistas ¿ afirma Ancillotti.

Ele acrescenta que está preparando mudanças nos concursos para policiais, tanto civis quanto militares, com o propósito de evitar problemas na preservação do local do crime. Segundo Ancillotti, esse é um dos principais problemas enfrentados pelos peritos e vem dificultando a obtenção de provas.

Subsecretário diz que IFP vai ser remodelado

Em relação à atuação dos peritos no caso da chacina da Baixada, criticada por outros profissionais, Ancillotti concorda que houve falha ao não se isolar o carro num local livre da ação do vento.

¿ Tínhamos pressa e acho que acabamos nos descuidando. A pressa é inimiga da perfeição. Entretanto, a falta de avental ou proteção na cabeça não impediu que o perito fizesse um bom trabalho, descobrindo a existência de três cápsulas dentro do carro. Esse material foi fundamental para chegarmos a um dos policiais suspeitos ¿ diz Ancillotti.

O subsecretário administrativo da Secretaria de Segurança Pública, Cesar Campos, que cuida também do projeto de expansão das delegacias legais, acrescenta que o Instituto Félix Pacheco, integrante da Polícia Técnica e Científica, será remodelado. Trata-se de um projeto de R$19,9 milhões, em parceria com o governo federal. As obras devem começar nos próximos meses e a previsão é de que fiquem prontas em dezembro.

¿ Vamos informatizar todo o sistema de arquivo. Isso tornará mais ágil o trabalho de identificação que ajuda a polícia durante o processo de investigação ¿ conta Campos.

De acordo com ele, outras iniciativas também poderão melhorar o trabalho da polícia. Uma delas é o início das obras de unidades da polícia técnica em outros municípios.

¿ Já temos unidades prontas em algumas cidades e em breve começaremos a construir em Araruama, Angra dos Reis, São João de Meriti, Três Rios e Friburgo ¿ diz Campos.

O governo também já comprou e está equipando três furgões de polícia técnica para agilizar o trabalho dos peritos. Um já está funcionando.