Título: RADIOTERAPIA PODE DEMORAR ATÉ CINCO MESES
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 17/04/2005, Rio, p. 21

Número de procedimentos vem caindo desde 2002

A fila por uma cirurgia não é o único problema no Inca. A demanda por tratamento de radioterapia é tamanha que, segundo documentos obtidos pelo GLOBO, os pacientes levam até cinco meses entre a solicitação e a marcação da primeira sessão na unidade III do Hospital do Câncer, em Vila Isabel, especializada em mama. Na lista constam os nomes de 88 mulheres encaminhadas para o tratamento entre 24 de janeiro e 28 de fevereiro.

Apesar da demanda maior, o número de procedimentos radioterápicos vem caindo. Em 2002, o Inca fez 82.303 aplicações. No ano seguinte, 77.506 e em 2004, 66.072. Uma redução de 19,7%.

A direção do Inca indica como uma das possibilidades para essa queda o fato de estar quebrado há seis meses um aparelho que realiza o tratamento, um acelerador linear. Segundo a direção, a máquina quebrada tinha 18 anos e, por isso, não há peça de reposição. Mas, diz o Inca, já está sendo providenciada outra.

Transferências para outros hospitais garante tratamento

Uma das pacientes que constam da lista ¿ e da fila ¿ para tratamento radioterápico é Eliane Maria da Silva, moradora da favela Tijuquinha, no Itanhangá. Ela descobriu o câncer de mama em setembro. Em outubro foi operada. Na hora de marcar a radioterapia, em 24 de janeiro, a surpresa: só havia vaga para 24 de julho.

¿ Eles disseram que o Inca III está lotado e não dá mais conta de tanta gente. Pensei que fosse levar realmente tantos meses para fazer o tratamento. Mas há 20 dias o Inca me ligou, informando que será no Hospital Pedro Ernesto (Uerj) ¿ conta Eliane.

Outra paciente de câncer de mama, Antônia Pereira da Silva, de Niterói, teve a radioterapia recomendada pelo médico em 28 de janeiro, 24 dias depois de ser operada. A marcação só foi feita para 16 de junho.

¿ Não tenho do que reclamar, em todo o processo a equipe foi maravilhosa. A demora para o início da radioterapia preocupou, mas há cerca de um mês eles me transferiram para um hospital em Niterói, onde eu moro. Já estive no hospital e outros pacientes disseram que às vezes as sessões atrasam até 15 dias lá. Pelo menos é perto de casa.

Segundo a direção do Inca, nos dois casos e em outros da mesma lista relatados pelo GLOBO as pacientes seriam atendidas antes da data prevista. Elas estariam sendo deslocadas para outras unidades, e o tempo de espera cairia para, no máximo, três meses. O Inca informou que será aberta uma sindicância interna para apurar o vazamento de informações.

www.oglobo.com.br/rio