Título: CHINA NÃO SE DESCULPA E IRRITA JAPÃO
Autor: Gilberto scotfield Jr
Fonte: O Globo, 18/04/2005, O Mundo, p. 24
Pequim nega incentivar protestos antinipônicos e acusa Tóquio de ferir História
PEQUIM e TÓQUIO. O que era para ser uma iniciativa de aproximação entre China e Japão, acabou se transformando num constrangimento diplomático. O ministro das Relações Exteriores japonês, Nobutaka Machimura, disse ontem lamentar que a China tenha se recusado a pedir desculpas pelas inúmeras manifestações contra o governo de Tóquio, durante sua visita ao país.
Os protestos se devem ao fato de o governo do Japão ter decidido aprovar livros escolares de ensino médio que omitem os massacres perpetrados pelo Exército japonês em sua ocupação da China, da Coréia do Sul e de outros países asiáticos durante a Segunda Guerra Mundial. Os livros também consideram como território japonês áreas ainda sob litígio entre os países da região.
Japão propõe criação de comissão para rever História
O governo chinês negou estar encorajando os protestos que irromperam em várias cidades do país nas últimas três semanas, mas também não vê motivos para um pedido de desculpas. Ontem mesmo, cerca de cinco mil pessoas protestaram pelas ruas de Hong Kong, enquanto no sábado, Xangai, Tianjin e Hangzhou foram palco de passeatas que reuniram cerca de 25 mil chineses.
¿ O governo chinês nunca fez qualquer coisa pela qual tenha que pedir perdão ao povo japonês ¿ disse o ministro das Relações Exteriores da China, Li Zhaoxing, a seu colega japonês durante a visita ontem. ¿ O maior problema agora é que o governo japonês fez uma série de coisas que feriram os sentimentos do povo chinês, sobretudo a forma como tratou a História.
Os dois ministros se encontraram ontem numa Pequim ostensivamente policiada para evitar novas manifestações. Para tentar amenizar a tensão entre os dois países, Machimura ofereceu a Zhaoxing criar uma comissão conjunta de especialistas para revisar a História. A proposta foi recebida positivamente pelo chanceler chinês, segundo destacou o porta-voz de Assuntos Exteriores do Japão, Hatsuhisa Takashima.
Historiadores da região (e muitos ocidentais) dizem que os japoneses foram responsáveis pela morte brutal e sumária de milhares de pessoas nos países ocupados, além da deportação para o Japão de quase 700 mil prisioneiros de guerra para trabalhos forçados, sem contar o uso de milhares de coreanas e chinesas como escravas sexuais.