Título: Farra com terceirizados
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 17/04/2005, Economia, p. 27

Gasto do governo Lula com mão-de-obra contratada a empresas de serviço sobe até 50%

Os gastos com serviços que utilizam mão-de-obra terceirizada ¿ como limpeza e conservação, copa e cozinha, vigilância e algumas áreas de informática ¿ cresceram no governo Lula. Em alguns casos, o volume de recursos pagos às empresas subiu mais de 50%. O discurso do governo de reduzir drasticamente as despesas com a terceirização de serviços não se confirmou na prática, embora tenha sido usado para justificar o aumento substancial das despesas com pessoal.

O governo tem cortado investimentos, mas não está conseguindo reduzir os gastos com a máquina administrativa. Com o aumento do número de ministérios e secretarias, os serviços de apoio e manutenção da máquina também cresceram.

Levantamento preparado pela assessoria de Orçamento da liderança do PFL no Congresso, com base nas informações do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), mostra que os gastos com serviços de limpeza e conservação chegavam a R$281,4 milhões em 2002 e passaram para R$392,5 milhões em 2004, um aumento de 39,5%. Se comparadas as despesas com esses serviços nos dois anos de gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em relação aos dois últimos anos do governo anterior, o aumento é de 36,6%.

Os gastos com os serviços de copa e cozinha passaram de R$22,613 milhões em 2002 para R$30,112 milhões em 2004, um aumento de 33,1%. Esses serviços também são prestados por funcionários terceirizados, contratados por empresas que trabalham para o governo, na maioria das vezes, fazendo exclusivamente intermediação de mão-de-obra.

No caso da vigilância, as despesas saltaram de R$329,212 milhões em 2002 para R$412,789 milhões, o que equivale a um crescimento de 25,5%. Na Esplanada, o Ministério das Relações Exteriores tem um dos maiores contratos nessa área. No ano passado, pagou R$3,9 milhões à Sitran Empresa de Segurança Ltda, que presta serviços também ao Ministério do Planejamento. Mas, se consideradas as despesas em todo o território nacional, quem gasta mais com segurança é o Ministério da Fazenda. No ano passado, destinou R$62,3 milhões para o pagamento desses serviços.

Já os gastos com serviços de informática cresceram até 52,3% em 2004, se comparados com 2002, a maior expansão entre todas as despesas terceirizadas. Este é o caso da manutenção de software, que era feita com R$82,483 milhões em 2002 e passou a custar R$125,6 milhões no ano passado.

Com manutenção e conservação de equipamentos de processamento de dados, o governo gastou R$64,887 milhões em 2002 e R$92,197 milhões no ano passado, um aumento de 42%.

O gasto mais expressivo nessa área é com o processamento de dados. O governo transferiu alguns serviços de processamento que vinham sendo feitos por prestadoras de serviços para o Serpro, alegando que haveria uma economia. Ainda assim, os gastos pularam de R$R$1,164 bilhão em 2002 para R$1,431 bilhão no ano passado, um aumento de 22,9%. Neste item, os gastos do Ministério da Fazenda também se destacam entre os demais ministérios. Eles cresceram 78,3% entre 2003 e 2004, passando de R$378,9 milhões para R$675,8 milhões.

No governo anterior, os serviços de informática eram terceirizados em praticamente todos os ministérios, com exceção do Ministério da Fazenda, que conta com os serviços do Serpro. O governo Lula decidiu transferir parte dos serviços dos demais ministérios também para o Serpro, uma empresa pública que agora se tornou estatal. E as despesas, em vez de caírem, só aumentaram.

ITAMARATY GASTA COM FLORES R$519 MIL, na pagina 28