Título: MINISTÉRIO ANUNCIA MUTIRÃO DE CIRURGIAS
Autor: Célia Costa e Maria Elisa Alves
Fonte: O Globo, 19/04/2005, Rio, p. 13
Governo federal vai destinar R$6 milhões para o pagamento de 12 tipos de operação em dez hospitais
O ministro da Saúde, Humberto Costa, anunciou ontem o início de um mutirão para atender os pacientes que aguardam por cirurgias eletivas (que não são de emergência) no Rio. Serão destinados R$6 milhões para o pagamento de 12 tipos de cirurgias em dez hospitais que se cadastraram para o mutirão, a maioria públicos e filantrópicos.
Agendamento será pelo Disque-Saúde
Até o dia 29 de abril, os pacientes atendidos em hospitais do município do Rio e em postos de saúde que estão na fila aguardando a operação devem telefonar para o Disque-Saúde (0800-61-1997), de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, para agendar os seguintes procedimentos: fimose, adenóide, hemorróida, mioma, períneo, próstata, útero (histerectomia), varizes, vesícula e hérnias inguinal, umbilical e crural.
Segundo o ministro da Saúde, a realização do mutirão de cirurgias terá impacto nas emergências, já que muitos pacientes procuram os hospitais quando há complicações. Humberto Costa disse que o mutirão está sendo realizado em outros estados.
De acordo com o Ministério da Saúde, os 12 tipos de operação correspondem a 70% da fila de espera por cirurgias eletivas no município, que tem cerca de 14 mil pessoas. O secretário de Atenção à Saúde, Jorge Solla, estima que serão realizadas de nove mil a 12 mil cirurgias em 90 dias. O prazo poderá ser prorrogado caso seja necessário.
É preciso que o paciente comprove a necessidade da cirurgia, mediante a apresentação da guia de encaminhamento expedida por um médico ou hospital. No documento terá que constar o número do registro do médico no Conselho Regional de Medicina.
Até agora dez hospitais se inscreveram para participar do mutirão, mas o secretário de Atenção à Saúde espera que o número de unidades aumente depois que as cirurgias começarem a ser realizadas. Cada hospital vai realizar 30 cirurgias mensais para cada um dos procedimentos. O Hospital Pedro Ernesto, por exemplo, se comprometeu a fazer cem cirurgias.
Deputados federais visitam hospitais sob intervenção
Ontem também, um grupo de deputados federais visitou os hospitais Souza Aguiar e Andaraí, para conversar com médicos e a direção e saber os principais problemas das duas unidades, que estão sob intervenção federal. Segundo o deputado Alexandre Cardoso (PSB), presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, uma das maiores falhas encontradas foi a de gestão. Ele disse que a direção do Hospital do Andaraí não sabia dizer qual o custo dos serviços de lavanderia e alimentação, entre outros:
¿ Se você pergunta quanto custa o hospital por mês ninguém sabe. Tinha médico que ia embora e só descobriam seis meses depois. A comissão quer levantar qual a necessidade orçamentária da saúde no Rio e em municípios vizinhos. Vamos levantar os repasses dos hospitais sob intervenção. Como podemos saber se um hospital precisa de mais verba se ninguém sabe quanto ele custa?.
O deputado fez um levantamento que mostra que o Rio, nos últimos 14 anos, perdeu quase metade dos leitos do SUS. Eram 33 mil e agora são 16 mil.
A comissão de deputados se reuniu também com o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, e com Sérgio Côrtes, coordenador da intervenção federal na saúde.