Título: CRISE FARÁ PARTE DO PASSADO, DIZ PALOCCI
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 19/04/2005, Economia, p. 20

Ministro afirma a investidores estrangeiros que país pode crescer por 20 anos

NOVA YORK. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, esbanjou otimismo ontem durante sua análise da economia brasileira para investidores e empresários estrangeiros da Câmara Brasileira-Americana, em Nova York.

¿ A crise fará parte do passado. O Brasil tem condições de crescer dez, 15 e 20 anos seguidos, sem crises e sem vôos curtos ¿ disse ele.

Palocci repetiu várias vezes, abordando diferentes assuntos, que o Brasil deve saber conviver com o próprio sucesso, parar de inventar crises e fazer as coisas certas:

¿ Conviver com o seu próprio sucesso é fazer as coisas certas quando as coisas estão dando certo. Em crise, todo mundo tem que se arrumar. O importante é fazer o esforço quando as coisas estão bem.

O ministro afirma que precipitado é sempre achar que vai haver crise no Brasil, pois, para ele, está na hora de, assim como os estrangeiros, falar bem do Brasil. Palocci acha que o país está forte para atravessar um campo com chuvas e ventos sem contrair doenças graves.

Nos últimos meses, o cenário internacional se deteriorou, com o temor de uma possível elevação mais forte dos juros básicos dos Estados Unidos, as sucessivas altas do petróleo e das cotações das commodities. Em conseqüência, o dólar no Brasil se valorizou e os títulos da dívida externa tiveram queda.

Com mais ou menos ênfase, foi esse o tom de quase todos os discursos e entrevistas dos ministros e autoridades brasileiras que passaram o dia no ¿Brazil Summit¿, seminário realizado no Hotel Waldorf Astoria. Todos voltavam da reunião semestral conjunta do FMI e do Banco Mundial em Washington, no fim de semana. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que tomara café da manhã com a direção do Federal Reserve em Nova York, não parava de repetir que ninguém no mercado tinha preocupações em relação ao Brasil:

¿ Apesar do nervosismo do mercado internacional, ninguém me perguntou se a aversão a risco teria repercussão no Brasil. Todos estão muito calmos.