Título: Cai a confiança dos consumidores
Autor: Aguinaldo Novo*
Fonte: O Globo, 20/04/2005, Economia, p. 17

SÃO PAULO. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), voltou a cair em abril, pelo segundo mês consecutivo. Numa escala que varia de zero a 200 pontos (acima de cem a leitura é de otimismo), o ICC saiu de 146,4 para 141,9 pontos. No mês passado, o indicador já havia recuado 0,6% na comparação com fevereiro (147,31 pontos). Na avaliação da Fecomércio, esse resultado reflete o efeito das seguidas altas dos juros e também a falta de melhores perspectivas sobre renda e emprego.

¿Os consumidores manifestam uma preocupação maior com o fato de que as sucessivas elevações da Taxa Selic e os recentes repiques inflacionários venham a afetar ainda mais sua renda e, conseqüentemente, sua capacidade de honrar os compromissos financeiros¿, analisou a entidade.

Ainda para a Fecomércio, o comportamento futuro dos consumidores vai depender ¿da capacidade da política econômica em gerar resultados mais concretos para o consumidor¿. Segundo a entidade, o aumento do salário-mínimo, que passará de R$ 260 para R$ 300 em maio, poderá provocar ¿uma melhoria momentânea no otimismo¿.

Apurado mensalmente desde 1994, o ICC leva em conta as condições econômicas atuais e as expectativas do consumidor quanto à situação do país a médio prazo. Pela sondagem de abril, a confiança em relação à situação atual diminuiu 4,1% de março para abril, ficando em 121,4 pontos. Já o índice sobre as expectativas futuras foi de 155,6 pontos, o que representou uma queda de 2,4% na comparação com a pesquisa de março.

Ontem, a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) anunciou que as vendas do setor cresceram 17,12% em março, na comparação com fevereiro. Na relação com março de 2004, a alta é de 21,59%. Segundo a entidade, a alta sobre fevereiro pode ser explicada pelo calendário, já que março tem três dias a mais. Além disso, no mês de fevereiro houve o feriado de carnaval, período em que, de acordo com a Abras, aumenta o número de pessoas que comem fora de casa.

Crescimento de vendas deveser menor no segundo trimestre do ano

O mês de março também foi impulsionado pelas vendas da Páscoa, 12% mais altas que as do ano passado. A associação ressalta que será preciso esperar os dados de abril, quando se anulam os efeitos sazonais da Páscoa e do carnaval, para se ter uma idéia do comportamento das vendas no ano.

Segundo o presidente da Abras, João Carlos de Oliveira, o setor deverá apresentar um crescimento menor no segundo trimestre, porque a base de comparação (mesmo período de 2004) é melhor. Descontado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o crescimento das vendas dos supermercados em março é de 16,41% em relação a fevereiro, e de 13,07% comparado a março de 2003. (*) Com Globo Online