Título: OMC: Lamy pede voto, mas Brasil pode se abster
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 20/04/2005, Economia, p. 23

BRASÍLIA. Tido como favorito na disputa pela diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o francês Pascal Lamy, ex-comissário de Comércio da União Européia, telefonou ontem para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para pedir o voto do Brasil, segundo informou o conselho-geral do organismo.

Amorim ¿ que na semana passada foi surpreendido com a eliminação do candidato brasileiro, Luiz Felipe de Seixas Corrêa ¿ disse que não há decisão sobre quem o Brasil apoiará e revelou que entre as possibilidades está a abstenção.

¿ Não assumi qualquer compromisso, porque é uma reflexão que ainda não terminamos ¿ disse Amorim, negando que exista alguma tendência de o governo apoiar Lamy.

O ministro fez uma espécie de mea culpa ¿ embora tenha negado ¿ ao reconhecer que houve erros de avaliação não só do ponto de vista de possíveis votos que o Brasil teria de países latino-americanos, africanos e asiáticos, mas pelo que voltou a chamar de ¿falta de transparência¿ da OMC.

Depois de participar de um encontro de chanceleres da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), Amorim tornou público um alerta feito pelo presidente da Comissão Permanente de Representantes do Mercosul, o ex-presidente da Argentina Eduardo Duhalde. Para Duhalde, o ideal, a partir de agora, é que todos os processos eleitorais tenham apenas um candidato da região.

¿ Isso vale para a OMC e a Organização dos Estados Americanos (OEA) ¿ disse Duhalde, momentos depois.

O Brasil lançou candidatura própria para evitar que o uruguaio Pérez del Castillo ganhasse a eleição na OMC, pois ele apresentou uma proposta agrícola que favorecia os países desenvolvidos. A partir de amanhã, terá início a segunda fase de consultas na disputa pelo comando da OMC. Um dos três candidatos será eliminado.