Título: Brasileiro é ferido por carro-bomba no Iraque
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 20/04/2005, O Mundo, p. 28

BRASÍLIA. Depois do engenheiro João José Vasconcellos Júnior, seqüestrado no início do ano e cujo paradeiro até hoje é desconhecido, mais um brasileiro foi vítima do terrorismo no Iraque. Luiz Augusto Branco, funcionário de uma empresa australiana de segurança, foi ferido num atentado em Bagdá no último sábado, quando viajava num comboio em direção ao aeroporto da cidade, informou ontem o Itamaraty.

Diante das dificuldades para um atendimento satisfatório no Iraque, o brasileiro foi transportado para a UTI de um hospital especializado no tratamento de queimados no Kuwait. Ainda ontem, ele recebeu a visita do embaixador do Brasil no país, Mário Roiter. O diplomata informou que Branco está consciente e que seu estado de saúde é estável.

¿O senhor Branco sofreu queimaduras e fraturas, além de outros ferimentos. Deverá ser transferido proximamente para outro país para prosseguir o tratamento¿, afirmou, em Brasília, o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o Itamaraty, os familiares do brasileiro, de Mirassol, na região de São José do Rio Preto, em São Paulo, já foram informados sobre o ocorrido. O ministério também afirma que a embaixada no Kuwait continuará a prestar a assistência necessária a Branco.

O brasileiro trabalha para o Unity Resources Group, empresa australiana que vende segurança para partidos políticos e órgãos governamentais iraquianos. Junto com Branco estavam outros colegas, dois dos quais morreram no momento da explosão de um carro-bomba. O ataque suicida ocorreu numa das rodovias mais perigosas de Bagdá, a chamada ¿estrada da morte¿, que leva ao aeroporto.

Segundo fontes do governo brasileiro, os funcionários da empresa australiana são, em geral, militares reformados e ex-agentes de polícias especializadas de países diversos. Eles recebem treinamento para se prevenir contra ataques terroristas e outros problemas decorrentes da guerra.

Itamaraty diz não ter informações sobre engenheiro

Quanto ao engenheiro brasileiro seqüestrado há cerca de três meses, o Itamaraty informou que, até o momento, não há notícias sobre sua localização. A despeito das informações que freqüentemente surgem sobre sua morte, a orientação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, é para só aceitar a versão se forem encontradas provas de que ele teria morrido.

Mineiro e funcionário da construtora Odebrecht, Vasconcelos desapareceu dia 19 de janeiro na cidade de Beiji, a quase 200 quilômetros de Bagdá. A última informação que o governo teve dele veio por fontes não reveladas que entregaram os originais dos documentos de identidade do engenheiro. Os mesmos documentos tinham sido exibidos por TVs árabes na época do seqüestro.

Nas Nações Unidas, o Conselho de Segurança comemorou ontem a decisão do governo iraquiano de publicar listas de desaparecidos desde a Guerra do Golfo, em 1991. A iniciativa partiu do ministro das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari. Fotos e nomes serão enviados aos meios de comunicação, numa tentativa de elucidar o destino de 200 kuwaitianos e cidadãos de outros países.