Título: PROMOTORA RECORRE CONTRA ORDEM DO JUIZ
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 21/04/2005, O País, p. 9

A promotora Maria Cougo Oliveira, de Bagé, também ouviu o depoimento da jovem e diz que não houve estupro e sim relações sexuais consentidas, que só foram levadas ao conhecimento da família no momento em que a jovem teve a confirmação da gravidez. Segundo a promotora, a garota teria tido diversas relações sexuais consentidas com o capataz da fazenda da família, de 35 anos e casado.

¿ Segundo a jovem, o relacionamento começou em fevereiro e, segundo o capataz, em dezembro. Há até cartas de amor da jovem ao capataz. Como as relações foram consentidas, cai por terra a presunção de violência e, assim, não poderia ser realizado o aborto. Não se trata aqui de questões morais ou religiosas, mas legais. Cabe ao promotor seguir a lei. E quem é que defende a criança que está por nascer? ¿ disse ontem a promotora, que encaminhou ao juiz um recurso de apelação contra a autorização de aborto.

O advogado da família da jovem contesta essa versão e diz que há um laudo psicológico confirmando o estupro:

¿ Nunca houve consentimento para as relações, mas intimidação psicológica. O capataz usou de terrorismo psicológico para ter relações com a jovem e para que ela não contasse à família ¿ disse Décio Lahorgue.