Título: CHACINA: DIGITAIS COMPLICAM SITUAÇÃO DE CABO
Autor: Ana Cláudia Costa e Célia Costa
Fonte: O Globo, 21/04/2005, Rio, p. 15

Soldado depõe, derruba álibis e confirma que 4 PMs suspeitos estavam num bar antes da matança na Baixada

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) confirmaram ontem que são do cabo Marcos Siqueira Costa as impressões digitais encontradas no retrovisor de um Gol branco, apontado como um dos carros vistos na noite da chacina na Baixada. O veículo, placa LNU-8039, de Ribeirão das Neves (MG), foi apreendido no início do mês, em Caxias, na casa de Edilson Moraes que, segundo a polícia, já cumpriu pena, mas tem um mandado de prisão contra ele e está foragido. No carro, havia um adesivo de um candidato a vereador que foi expulso da PM acusado de integrar um grupo de extermínio.

Outro trunfo da polícia é uma escuta telefônica, autorizada pela Justiça, feita nos telefones dos acusados da matança. Nas interceptações, os policiais presos teriam conversado sobre a chacina da noite do dia 31 de março. As gravações mostram que os policiais suspeitos estavam preocupados com a ocultação de provas.

Soldado presta depoimento durante quatro horas

Um novo depoimento do soldado Fabiano Gonçalves Lopes, acusado de participar da chacina da Baixada, derrubou ontem os álibis de outros quatro policiais presos. Ao negar seu envolvimento no crime, ele disse ter ido ao 24º BPM (Queimados) na tarde de 31 de março e deu uma carona ao soldado José Augusto Moreira Felipe até um bar em Nova Iguaçu, onde estavam mais três PMs. Fabiano, segundo a polícia, disse que tomou um refrigerante e foi embora, deixando Felipe, o cabo Siqueira e os soldados Carlos Jorge de Carvalho e Júlio César Amaral de Paula.

Fabiano, que está isolado dos demais presos por estar sofrendo ameaças, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada por mais de quatro horas aos delegados Rômulo Vieira e Roberto Cardoso e aos promotores Marcelo Muniz e Frederico Bonfatti. Segundo o promotor Marcelo Muniz, antes do depoimento, o policial deu informações importantes para esclarecer o motivo do massacre.

¿ As informações prestadas por ele vão mudar muito o inquérito. As afirmativas podem nos levar a esclarecer a chacina ¿ disse o promotor.