Título: CRÉDITO PARA O CONSUMIDOR PODE FICAR MAIS CARO
Autor: Geralda Doca, Patricia Eloy e Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 21/04/2005, Economia, p. 17

SÃO PAULO. Com a elevação da Selic, a taxa média cobrada no crédito ao consumidor passará de 7,55% para 7,57% ao mês, ou 140,05% ao ano. No crédito para empresas, a taxa média subirá de 4,43% para 4,45% ao mês (68,62% ao ano), segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). A entidade considera inoportuna e desnecessária a nova alta dos juros básicos.

Com a nova Taxa Selic de 19,50%, o crediário de loja, que hoje opera com juro médio de 6,07%, cobraria por uma geladeira, que custa R$800 à vista, um financiamento em 12 parcelas de R$95,79, sem entrada. O preço total, ao fim desse prazo, terá alcançado R$1.149,48. Se o juro do comércio subir na mesma proporção da Selic e passar a 6,09%, a prestação mensal será de R$95,89 e o preço total, R$1.150,68. Ou seja, o consumidor desembolsará a mais por mês R$0,10. No preço total, a diferença será de apenas R$1,20.

Diante disso, o vice-presidente da Anefac, o economista Miguel José de Oliveira, acredita que muitos bancos nem repassem o aumento para os consumidores. Ele lembra que entre março de 1999 e março de 2005, sem considerar esta última elevação dos juros, o BC reduziu a Taxa Selic de 45% para 19,25% ao ano. Isso representa uma queda de 57,22%. No mesmo período, as taxas cobradas do consumidor foram reduzidas em 43,91%.

Segundo Oliveira, o grande problema será o efeito secundário da alta da Selic, uma vez que os bancos podem destinar seus recursos para aplicações em títulos públicos (66,6% do total dos seus ativos), a fim de aumentar a sua rentabilidade. Com isso, haverá menos crédito, o que levaria a novas altas das taxas de juros para consumidores e pessoas jurídicas.

Ele destaca ainda que a inflação atual é resultado, principalmente, de aumentos das tarifas públicas e dos preços das commodities no mercado internacional. Por isso, essa nova alta da Selic seria inócua para conter a inflação. (Do Globo Online)

INFLAÇÃO SOBE E ECONOMISTAS PREVÊEM CRESCIMENTO ABAIXO DE 3% , nas páginas 18 e 19