Título: UM DIA DE DEMORA E QUEIXAS NOS HOSPITAIS
Autor: Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 23/04/2005, Rio, p. 12

Postos de saúde e emergência do Hospital de Bonsucesso fechados sobrecarregam Souza Aguiar e Miguel Couto

O primeiro dia útil após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a intervenção federal nos hospitais Souza Aguiar e Miguel Couto foi um pouco tumultuado em ambas as unidades. Vários pacientes reclamaram da demora no atendimento do Souza Aguiar e do ambulatório fechado no Miguel Couto devido ao ponto facultativo. Os dois hospitais continuam sendo administrados pelo governo federal e a prefeitura só deve reassumir a administração na primeira semana de maio, após uma auditoria.

A entrada da emergência do Hospital Souza Aguiar ficou cheia durante toda a manhã. Os pacientes se queixavam que levavam mais de duas horas para serem atendidos.

¿ Cheguei antes das 10h e até agora (12h30m) não fui atendida ¿ reclamou a dona-de-casa Dejanira Monteiro.

Quem dependia de um raio-X também demorava para ser examinado. Segundo funcionários, apenas um dos seis aparelhos funciona desde antes da intervenção. Alguns equipamentos portáteis foram adquiridos pelo Ministério da Saúde, mas não teriam solucionado todo o problema.

¿ Fiquei duas horas lá dentro do hospital esperando na fila para fazer o raio-X ¿ contou o pintor Raimundo Marques, que fraturou a mão esquerda.

Emergência fechada no Hospital de Bonsucesso

Um dos motivos do número de pacientes esperando atendimento no Souza Aguiar era o fechamento da emergência do Hospital Geral de Bonsucesso. Na noite de anteontem, devido a um temporal, parte do teto de gesso do setor de coleta de sangue caiu. O setor foi parcialmente alagado e os 72 pacientes que lá estavam foram transferidos para outras áreas do hospital. Quem chegava ontem era encaminhado aos hospitais Souza Aguiar e Getúlio Vargas.

As obras para recuperação do teto foram realizadas em regime de urgência e a emergência do Hospital de Bonsucesso deve reabrir hoje. Há uma previsão de que a unidade, que sempre foi do governo federal, passe por uma reforma completa a partir de maio.

Já no Hospital Miguel Couto, no início da manhã, pacientes reclamaram do ambulatório fechado devido ao ponto facultativo. Também por conta do ponto facultativo, os postos de saúde, como o Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, estavam fechados. Isto levou várias pessoas para a fila da emergência.

O atendimento no Miguel Couto, porém, era rápido. Os pacientes só estavam preocupados com o futuro da unidade a partir da volta da administração para a prefeitura.

¿ O hospital está muito melhor agora. Tenho medo que a volta da prefeitura faça o atendimento piorar, já que a saúde na cidade do Rio andava meio esquecida ¿ disse a doméstica Denise de Matos.